Há iniciativas que, se adotadas com equilíbrio, só trazem vantagens para a vida das pessoas. Manter hábitos saudáveis é uma delas. Embora todos saibam o que deve ser feito, nem todo mundo consegue dar a arrancada. No entanto, depois que isso entra na rotina, funciona como propulsor para outras medidas que beneficiam o corpo e a mente.
O cardiologista Lucas Petersen, médico cooperado da Unimed Porto Alegre, defende o que chama de hábitos angulares, como define aqueles que puxam outros hábitos.
A atividade física é um deles, pois estimula o corpo e a mente, ajuda a produzir endorfina, que aumenta a sensação de bem-estar e incrementa a saúde muscular, óssea e cardiovascular.
— Quanto antes começar com esses hábitos, mais cedo eles se tornam simples, viram automáticos durante a vida adulta e o envelhecimento — completa.
A endocrinologista Livia Mastella, médica cooperada da Unimed Porto Alegre, lembra a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabelece uma vida saudável como algo muito além da ausência de doença. É um estado completo de bem-estar físico, mental e social.
— É preciso pensar em vários pilares, na prevenção das doenças e em uma vida com qualidade, autonomia e relações sociais ativas, cuja importância se percebe cada vez maior para uma vida mais longeva e de qualidade — destaca.
Em um mundo que exige respostas cada vez mais rápidas, a rotina acelerada prejudica a saúde de várias formas. A intensidade da agenda consome o tempo e leva a sintomas como angústia, ansiedade, insônia, cansaço e até mesmo a questões cardíacas e gastrointestinais – exigindo atenção na hora do diagnóstico.
Principais riscos
A ausência do autocuidado pode levar a doenças graves – muitas delas, silenciosas. Hipertensão e dislipidemia (colesterol alto), por exemplo, são fatores de risco para eventos cardiovasculares como o infarto agudo do miocárdio. Mas o risco não se limita a questões do coração, podendo levar também a um acidente vascular cerebral (AVC).
Essas são algumas das principais causas de morte no Brasil e no mundo, segundo a OMS, com um mecanismo muito similar: um evento trombótico. É quando uma artéria já doente, com placa da aterosclerose (acúmulo de colesterol) ou depósito de cálcio afeta a circulação sanguínea na cabeça (AVC) ou no coração (infarto).
O sedentarismo geralmente leva à obesidade, que, por sua vez, leva à hipertensão e aos eventos cardiovasculares. A falta de exercícios também está relacionada a doenças mentais, como depressão e ansiedade, além de limitações osteomusculares, dor lombar e problemas nas articulações.
— O sedentarismo e a dieta ruim, principalmente com alimentos industrializados, açúcar e sódio levam a todos esses problemas — alerta Petersen.
A saúde do coração pode ser impactada por fatores de risco não modificáveis, que são a idade avançada e o componente genético, com base no histórico familiar. Fora isso, são fatores modificáveis: tabagismo, sedentarismo, sobrepeso e demais situações que dependem de uma ação do indivíduo.
Petersen ressalta que uma simples consulta de rastreio e um check-up podem ser suficientes para identificar de forma precoce e prevenir a evolução dessas doenças, com seus consequentes riscos.
O programa Viver Bem, da Unimed Porto Alegre, é uma iniciativa que desenvolve programas de promoção da saúde e prevenção de doenças, por meio de atividades que capacitam e estimulam as pessoas.
— É aberto para a comunidade. Pode acessar o site, conferir a agenda completa, fazer a inscrição e participar — detalha Livia, que atua junto ao programa.
A grade de atividades inclui ioga, ativação postural e pilates, entre outras ações. Algumas, de forma online. Tudo para que as pessoas consigam encaixar no dia a dia, criando um hábito angular que pode ser o ponto de partida para um cuidado integral.
Casal parceiro
É um dia lindo no Parque da Redenção, em Porto Alegre, quando um grupo de participantes do programa Viver Bem, da Unimed, conclui sua caminhada. O céu azul e as árvores completam o cenário ideal para acompanhar os depoimentos dos namorados Beti da Silva, 77 anos, e João Carlos Pujol, 92.
Eles se conheceram há um ano e dois meses, enquanto praticavam ginástica chinesa, em uma ação da prefeitura de Porto Alegre na mesma Redenção. No dia seguinte, Beti já havia convencido João a participar da caminhada, da qual era frequentadora.
E foi assim que engataram o namoro. Hoje, além da caminhada (segunda, quarta e sexta) e da ginástica (terça e quinta), também praticam ioga uma vez por semana, no planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O casal consulta regularmente os médicos de confiança e mantém os exames em dia. A alimentação é que difere um pouco: Beti conta que a filha, que mora com ela, é enfermeira e está sempre atenta a seus hábitos, incentivando que faça refeições saudáveis.
João Carlos, por sua vez, atribui à origem fronteiriça (nasceu em Quaraí) o gosto pelo churrasco e afirma não ter uma alimentação tão equilibrada. A namorada, no entanto, o defende contando que ele come muita fruta e alguns legumes.
Mente ativa
Além da socialização, comprovada pelo ambiente de descontração e amizade entre os cerca de 30 participantes do grupo, o casal faz questão de manter a mente ativa. Beti frequenta um projeto da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) que estimula e avalia constantemente o raciocínio, por meio de uma série de atividades.
E ambos, à tarde, frequentam um projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA), por iniciativa de João Carlos, para exercitar a memória e a aprendizagem.
— Eu estudei apenas até o terceiro primário. Então, estou aprendendo muita coisa. No Português eu patino — reconhece ele, que, se não fosse a confissão, não deixaria margem para qualquer suspeita.
A namorada intervém:
— Mas em Matemática ele detona qualquer um, me dá uma raiva — diverte-se.
A agenda repleta de atividades parece ser o segredo para que se mantenham ativos e saudáveis. Beti concorda e explica, de forma definitiva, o que acontece:
— A gente não envelhece porque não sobra tempo.
Força para começar
Hábitos saudáveis incluem cuidados básicos na rotina, como a alimentação e o sono, mas precisam de um pontapé inicial e alguma persistência, no começo, para se consolidarem como um compromisso consigo mesmo no dia a dia. Confira as orientações de Livia Mastella, endocrinologista e médica cooperada da Unimed Porto Alegre
- Alimentação: deve ser equilibrada, com comida de verdade, ou seja, evitando industrializados e ultraprocessados. A variedade de grupos alimentares também é indicada.
- Exercícios: a prática de atividade física, rotineira e estruturada, é importante. O combate ao sedentarismo já é um passo: percursos a pé e caminhar com o cachorro contam bastante.
- Sono adequado: é importante que seja reparador, sem cansaço no dia seguinte. A insônia pode estar relacionada à ansiedade ou outro sintoma do cotidiano agitado. Não é normal não dormir bem.
- Acompanhamento: consultas médicas periódicas e exames preventivos ajudam no cuidado com a saúde, assim como a supervisão de profissionais capacitados durante a prática de atividades físicas e na nutrição.
- Saúde mental: interfere diretamente na saúde física e é um dos pilares para o bem-estar. Colocar em prática as medidas anteriores ajuda nesse sentido, mas é fundamental buscar orientação e suporte profissional.
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