Mais um jornal de prestígio mundial publica uma reportagem sobre o avanço do coronavírus no Brasil – e aponta Porto Alegre como um dos grandes focos do colapso do sistema de saúde nacional. Neste mesmo sábado (27) em que o The New York Times divulgou uma longa reportagem com textos e fotos da Capital, The Wall Street Journal (WSJ) também publicou uma matéria sobre a crise sanitária local.
Não é novidade que o WSJ esteve em Porto Alegre para investigar como o Brasil está reagindo à nova variante do vírus. Na semana passada, um documentário gravado em diferentes hospitais da cidade foi divulgado no canal do periódico no YouTube. O vídeo já alcançou mais de 400 mil visualizações.
A reportagem deste sábado, no entanto, tem um foco diferente do vídeo, direcionado a expor a superlotação dos hospitais. Desta vez, o WSJ buscou demonstrar que o avanço da variante P1 no Brasil pode colocar o mundo inteiro em risco.
"A disseminação do vírus no Brasil ameaça transformar este país de 213 milhões de habitantes em um perigo global para a saúde pública", afirma a reportagem. O texto também considera que o país se tornou "um pária global na medida em que dezenas de nações impuseram restrições aos seus viajantes, incluindo a vizinha Colômbia e outros, como o Reino Unido".
Para demonstrar o descontrole causado pela doença em Porto Alegre, o repórter cita uma visita à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, onde viu "médicos apressados afastarem as macas para cuidar dos próximos pacientes, muitos dos quais são forçados a dormir em cadeiras por dias enquanto lutam para respirar na enfermaria".
O texto também trata da postura do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia, citando declarações como "chega de mimimi" e "a pressa da vacina não se justifica". "Muitos brasileiros adotaram a mesma atitude (do presidente) e se recusaram a se curvar diante da colcha de retalhos de toques de recolher e restrições impostas por cidades de todo o país", escreveu o repórter.
O WSJ ainda reconheceu os esforços de Estados e prefeituras para oferecer vacinas à população e entrevistou pessoas que perderam parentes para o vírus ou ficaram hospitalizados por conta da doença.
A reportagem se encerra com uma foto da Orla do Guaíba movimentada, apesar das normas de distanciamento social.