O jornal The New York Times publicou neste sábado (27) uma reportagem intitulada "Um colapso previsto: como o surto de Covid-19 no Brasil sobrecarregou os hospitais". A cidade escolhida pela matéria como exemplo da crise foi Porto Alegre. Segundo o jornal, a Capital é atualmente o "coração de um colapso monumental no sistema de saúde do Brasil". A reportagem foi manchete do site do jornal da manhã até o início da tarde.
Sebastião Melo é citado no segundo parágrafo. De acordo com a matéria, a preocupação demonstrada pelo prefeito em "salvar a economia " aponta que a autoridade considera o setor um "imperativo maior" do que vencer a crise sanitária e salvar vidas.
A reportagem visitou hospitais e funerárias, acompanhou protestos e conversou com trabalhadores da saúde e autoridades.
Em visita ao Hospital da Restinga, o repórter afirmou que "o pronto-socorro virou uma enfermaria covid lotada, onde muitos pacientes eram atendidos em cadeiras, por falta de leito livre". Sobre o mesmo local, também apontou que "na semana passada, os militares construíram um hospital de campanha em frente à entrada principal, mas funcionários do hospital disseram que o espaço adicional para leitos é de pouca utilidade para uma equipe médica que está além de seu limite".
A reportagem também ouviu pessoas que apoiam a postura do presidente Jair Bolsonaro e promovem o uso do kit covid. Geraldo Testa Monteiro, bombeiro aposentado entrevistado na apuração, afirmou que não acredita em pesquisas sobre a ineficácia de medicamentos como ivermectina e hidroxicloroquina contra a covid-19. Conforme Monteiro, os profissionais da saúde teriam sabotado o plano de Bolsonaro de controlar a pandemia, recusando-se a prescrever esses medicamentos. "Quando a população elege um líder é porque confia nele", conclui.
Ao final, o texto destaca que as equipes médicas estão sendo esmagadas "pela desconfiança e pelo negacionismo", além das "caravanas de apoiadores do Bolsonaro buzinando fora dos hospitais para protestar contra as restrições à pandemia", tornando ainda mais pesada a vida de profissionais que perderam colegas para o vírus e para o suicídio nos últimos meses.