Tosse seca, febre, perda de olfato ou do paladar... um ano atrás, talvez não nos importássemos muito com esse sintomas, por considerá-los parte de um simples resfriado. Hoje, a situação é outra. Basta ouvir uma tosse ou alguém com pigarro para imediatamente se buscar o distanciamento e redobrar o cuidado: afinal, na situação mais grave da pandemia no Brasil, nunca é demais se precaver contra a covid-19.
Mas quais são os sintomas que devem mesmo acender o alerta?
Com base nos dados reunidos pelas autoridades de saúde, cientistas da Universidade de Medicina de Viena puderam estruturar uma longa lista de sintomas da doença, identificando sete formas dela. O estudo foi publicado na revista científica Allergy. Vários sintomas estão relacionados entre si e ocorrem em grupos, dos quais foram identificados sete:
- Sintomas semelhantes aos da gripe (febre, calafrios, fadiga e tosse)
- Sintomas de resfriado (rinite, espirros, garganta seca e nariz entupido)
- Dores musculares e nas articulações
- Inflamação dos olhos e das mucosas
- Problemas pulmonares (com pneumonia e falta de ar)
- Problemas gastrointestinais (diarreia, náuseas e dor de cabeça)
- Perda do olfato, do paladar e outros sintomas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre as pessoas que desenvolvem sintomas, cerca de 80% se recuperam da doença sem precisar de tratamento hospitalar. Cerca de 15% ficam doentes com gravidade e precisam de oxigênio. Outros 5% também ficam gravemente doentes e precisam de cuidados intensivos.
As complicações que levam à morte podem incluir insuficiência respiratória, síndrome do desconforto respiratório agudo, sepse e choque séptico, tromboembolismo e/ou insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo lesão do coração, fígado ou rins.
O que a ciência descobriu sobre a covid-19
Coronavírus não é "gripezinha"
No início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a gravidade da covid-19 e chamou a doença de "gripezinha". Mas ficou muito claro que a comparação é descabida.
Em sua quarta e mais recente fase, o Epicovid19-BR, o mais amplo estudo populacional sobre o coronavírus realizado no Brasil, estimou a letalidade da covid-19 no Brasil em 0,7%. As estatísticas oficiais do Ministério da Saúde apontam para uma mortalidade bem mais alta, de cerca de 2,5%. Em ambos os casos, a taxa é superior à das gripes sazonais (0,1%).
No Brasil, a covid-19 foi a causa de morte com mais vítimas no ano passado, superando outras doenças com alta letalidade, como AVC, infarto e pneumonia.
A covid-19 também afeta e mata jovens
O risco de desenvolver sintomas graves da covid-19 aumenta com a idade, com adultos mais velhos sob maior risco. Isso porque quando ficamos mais velhos, nosso sistema imunológico, responsável pela defesa do nosso organismo, também envelhece. Mas isso não quer dizer que os mais jovens estejam imunes à covid-19, mesmo aqueles sem comorbidades, como diabetes, hipertensão e obesidade
Como o momento atual tem mostrado, também os jovens podem desenvolver os sintomas mais graves da doença, necessitando de hospitalização. E mortes não são raras.
Segundo os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde, apenas neste ano, o maior número de internados por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada por covid-19 tinha entre 60 e 69 anos (21,9%). No entanto, no mesmo período, aqueles abaixo de 60 anos eram quase a metade dos internados (42%), entre os quais 323 recém-nascidos.
Entre os óbitos por SRAG, a faixa etária com o maior número de mortes notificadas é a de 70 a 79 anos de idade (25,1%). Porém, aqueles abaixo de 60 anos foram mais de um quinto das mortes (23%), entre os quais 24 recém-nascidos.
É possível contrair covid-19 mais de uma vez
Pesquisa feita pela agência governamental de saúde pública da Inglaterra, a Public Health England, apontou que a maioria das pessoas que já contraíram covid-19 (83%) tem imunidade por pelo menos cinco meses. Mas casos de reinfeção por covid-19, embora raros, estão sendo identificados em vários países, inclusive no Brasil.
A maior preocupação dos especialistas, contudo, envolve a reinfecção por novas variantes.
Se um número considerável de pessoas que já se contagiaram começar a testar positivo para covid-19, pode ser que esteja em circulação uma variante capaz de driblar os anticorpos produzidos pelo sistema imune após uma primeira infecção.