Além do desenvolvimento de vacinas, encontrar tratamentos comprovadamente eficazes e seguros contra o coronavírus é uma das maiores prioridades dos pesquisadores atualmente. Cientistas e grandes empresas farmacêuticas vêm encontrando sinais de esperança, tanto em remédios novos quanto em produtos já aprovados para outras doenças.
Apesar de muitos medicamentos outrora considerados promissores para tratar a covid-19 terem sido descartados – seja pela falta de eficácia, seja por efeitos potencialmente nocivos quando administrados para outros fins que não os originalmente previstos –, diversos estudos despontam com resultados animadores, ainda que preliminares.
Um exemplo são os anticorpos monoclonais, que estão sendo analisados como um tratamento para pacientes com manifestação grave da doença. Pesquisadores vêm examinando os anticorpos de pacientes recuperados para identificar quais são mais eficazes para impedir que o vírus sequestre células ou para controlar a resposta imunológica. A partir daí, a ideia é criar uma droga específica.
Confira, a seguir, quatro tipos de tratamentos ainda experimentais que podem ser sinônimos de uma esperança adicional à vacinação contra a covid-19. Tratam-se de estudos que já incluem testes em humanos. Por ainda estar restrito testes em animais, o soro desenvolvido pelo Instituto Butantan com o plasma coletado de cavalos ainda não faz parte da lista. O Butantan já pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliar a pesquisa.
Anticorpos monoclonais
O anticorpo para tratar pacientes com alto risco de hospitalização por covid-19 desenvolvido pelos laboratórios GSK e Vir Biotechnology mostrou "grande eficácia" em resultados provisórios, anunciaram as empresas nesta quinta-feira (11).
De acordo com um comitê independente, os resultados provisórios de um estudo com a participação de 583 pessoas mostraram uma redução de 85% nas hospitalizações e mortes em pacientes tratados com o anticorpo monoclonal VIR-7831, em comparação com aqueles que receberam placebo.
O produto também foi "bem tolerado", disseram a GSK e a Vir em um comunicado. Diante desses resultados, os dois grupos planejam buscar a aprovação nos Estados Unidos e em outros países.
Antiviral experimental
A empresa norte-americana Merck anunciou em fevereiro que dados preliminares apontaram que o medicamento antiviral experimental molnupiravir reduz mais rapidamente infecções provocadas pelo coronavírus quando administrado na fase inicial da covid-19. Conforme a companhia, o medicamento é seguro e tem baixa toxicidade, o que permitiria seu uso para tratamento preventivo.
O remédio está sendo desenvolvido em parceria com a Ridgeback Bio e atualmente se encontra na fase 2 de estudos, que deve ser concluída em maio deste ano. Ainda não há previsão de quando o medicamento, se aprovado, poderá ser disponibilizado.
Plasma convalescente
A estratégia é simples: oferecer ao doente anticorpos que neutralizam o coronavírus já prontos, extraídos do sangue de alguém que foi infectado. A terapia tem limitações, como a baixa capacidade de produção, já que é preciso usar sangue de pacientes que desenvolveram anticorpos. Por isso, não é encarada como uma grande solução para o cenário atual.
Recentemente, um trabalho argentino deu fôlego à estratégia, mas em contexto bem específico – em idosos que receberam o plasma nas primeiras 72 horas de internação. Entre eles, o risco de insuficiência respiratória caiu pela metade.
Anticorpos em conjunto
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora do governo americano, concedeu permissão de uso emergencial para uma nova versão do tratamento contra a covid-19 da farmacêutica Eli Lilly, que adiciona um segundo anticorpo monoclonal a um já autorizado.
O novo tratamento inclui o anticorpo etesevimab, ou LY-CoV016, ao já autorizado bamlanivimab, ou LY-CoV555, para fazer uma versão de anticorpo duplo - que pode ser mais protetora, diz a empresa.
"Baseada em dados de fase 3, anunciados em 26 de janeiro de 2021, constatamos que bamlanivimab e etesevimab juntos reduziram o risco de hospitalizações por covid-19 e morte em 70%. Esses dados replicam resultados anteriores, publicada em The Journal of the American Medical Association, em um grupo muito maior de pacientes”, disse a Lilly em um comunicado.