Durante os primeiros meses de pandemia, especialmente, tornou-se comum receber mensagens com orientações sobre alimentos ou ingredientes que prometem prevenir ou até curar a covid-19 – àquela época, ainda sem eficácia cientificamente comprovada ou reprovada contra o coronavírus.
Se no primeiro semestre de 2020 ainda era possível dizer que as evidências científicas sobre o coronavírus eram escassas quanto à relação entre alimentação e sistema imunológico, atualmente já se sabe mais sobre o papel que a nutrição pode de fato ter para ajudar a combater os efeitos da covid-19.
Ainda assim, a realidade é que até agora não há nenhum estudo que demonstre que determinada dieta ou algum nutriente específico diminua o risco de ter a doença.
O que a ciência já provou é que manter uma dieta equilibrada — rica em vitaminas e minerais, com ingestão adequada de frutas, legumes, verduras e fontes de proteína (como carnes, ovos, leguminosas e laticínios) — é capaz de contribuir para o adequado funcionamento do sistema imune e melhorar, assim, as defesas contra vírus e bactérias em geral.
— Sabemos que para garantir uma adequada resposta imunológica é preciso ter uma alimentação equilibrada, com a presença de diferentes nutrientes, desde os macronutrientes, como carboidratos ou açúcares, proteínas e lipídios ou gorduras, até os micronutrientes, que são as vitaminas e minerais, além da água — explica a nutricionista Márcia Cândido.
Alguns nutrientes são especialmente bem-vindos nesse aspecto. Especialistas destacam as vitaminas A, C, D e E, algumas do complexo B, além de ferro, magnésio, zinco, selênio e os ácidos graxos ômega-3.
Pesquisas atuais estão investigando até que ponto os nutrientes teriam impacto na covid-19, mas não há nada de conclusivo, por enquanto. De qualquer forma, a recomendação é incluir alimentos que sejam fontes dessas substâncias no dia a dia para qualquer pessoa que queira ter uma vida mais saudável.
Um estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado em fevereiro mostrou que compostos produzidos pela microbiota intestinal a partir da quebra de fibras alimentares não interferem na entrada ou replicação do vírus Sars-CoV-2 no intestino. Mas podem reduzir a expressão de um gene importante para a entrada viral nas células e de um receptor de citocina que favorece a inflamação.
Ou seja: uma dieta rica em fibras pode ter papel no controle da inflamação associada à covid-19.
Ainda que não haja evidências suficientes de que qualquer alimento ou nutriente tenha um papel relevante para prevenir ou tratar a covid-19, nutricionistas alertam que uma alimentação variada, capaz de fornecer todos os grupos de nutrientes, traz benefícios a todas as células do corpo, incluindo as do sistema imune.