A droga EIDD-2801, que está sendo testada para o tratamento de pacientes com covid-19, apresentou resultados promissores também para prevenir a doença. Segundo especialistas, o medicamento, também chamado de Molnupiravir, é seguro e tem baixa toxicidade, o que permitiria seu uso para tratamento preventivo.
A pesquisa, que ainda não realizou testes em humanos, indica que o uso do Molnupiravir antes de ocorrer a exposição ao coronavírus "inibiu drasticamente" a replicação do Sars-CoV-2 durante a infecção, sinal promissor para seu possível uso.
— Esse é um dado inicial, de modelo animal, que deve ser estudado em fase clínica para pré-exposição — afirma a doutora em neurociências Mellanie Fontes Dutra , em entrevista ao Estadão.
Até o momento, os testes estão sendo feitos com camundongos, em um procedimento que consiste em transplantar células de um pulmão humano para o animal e então estudá-lo. A neurocientista aponta, porém, que o estudo não abrange a estrutura nasal, local relevante para o início da replicação do vírus. O manuscrito foi aceito para publicação pela revista científica Nature e passará por revisão.
As empresas MSD e Ridgeback Bio estão se dedicando a investigar a eficácia do medicamento no tratamento daqueles que já foram infectados pelo vírus. Esse estudo clínico já está em fase mais avançada, e os resultados dos testes em humanos devem ser apresentados ainda no primeiro trimestre de 2021. Se a pesquisa obtiver resultados positivos, as empresas poderão solicitar o uso emergencial do Molnupiravir.
A droga age de forma parecida com o Remdesivir — único medicamento para a covid-19 aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula medicamentos e alimentos. O EIDD-2801 atua no RNA do Sars-CoV-2, evitando que ele se replique nas células. Na comparação com o Remdesivir, o novo medicamento demonstrou maior eficácia em tempo inferior, além de ser mais barato e poder ser administrado por via oral.