A secretária de Saúde de Pelotas, Roberta Paganini, afirmou nesta terça-feira (16) que a administração do asilo Quinta Urbana, onde um surto de covid-19 provocou a morte de oito idosos até o momento, não comunicou imediatamente à prefeitura o aparecimento de pessoas com sintomas da doença no estabelecimento.
O caso veio à tona somente após a aplicação da primeira dose da CoronaVac entre os 73 residentes. Segundo informações repassadas inicialmente pelos responsáveis pelo asilo, os primeiros sintomas de febre e dores no corpo teriam sido detectados 48 horas após a imunização realizada dia 27 de janeiro — o que levantava a suspeita de que isso pudesse ser uma reação adversa à vacina.
Em entrevista ao programa Gaúcha +, da Rádio Gaúcha, Roberta Paganini disse que uma investigação realizada pelo município apurou que os primeiros casos sintomáticos teriam sido detectados, na verdade, ainda antes da imunização. Conforme a secretária, isso não teria sido imediatamente comunicado à prefeitura.
— Verificamos que havia pessoas já positivas antes da vacina. Por isso, digo que temos dados que confirmam que foi um surto de covid-19 (...), e não uma reação adversa à vacina (...). Na investigação, foi verificado que existiam sintomáticos anteriormente à vacina, mas isso não foi comunicado. É outra irregularidade em relação ao plano de contingenciamento — afirmou Roberta.
O plano de contingenciamento é um conjunto de normas que devem ser seguidas por instituições e empresas para prevenir contaminações. Ele é elaborado pelo estabelecimento e aprovado pela Secretaria de Saúde do município. Além da falta de comunicação dos casos suspeitos, o lar de idosos teria descumprido outras determinações do plano, como ao oferecer aos idosos uma toalha de pano de uso comum no banheiro e um copo de vidro no bebedouro igualmente compartilhado. Esses descuidos facilitam a transmissão do coronavírus.
Em entrevista concedida anteriormente a GZH, o responsável pela Quinta Urbana, que preferiu não se identificar, disse que os óbitos teriam sido "uma fatalidade" e que o local havia "seguido à risca" as normas sanitárias.
— Estamos muito sentidos, a pressão que estamos recebendo é muito grande. Os idosos também estão sentindo muito. Fizemos tudo certo, mas tratamos com pessoas, e muitas vezes as medidas podem não ser seguidas e isso foge da gente — declarou o proprietário.
Uma das suspeitas da Secretaria de Saúde de Pelotas é de que o surto tenha se iniciado pela contaminação de trabalhadores do local — 29 deles tiveram exame positivo para covid-19. Ao todo, segundo Roberta Paganini, 40 idosos se contaminaram com o coronavírus. Desses, 32 foram hospitalizados. Até o momento, cinco tiveram alta e retornaram para a casa de familiares. Outros 27 seguiam sob atendimento até esta terça.