Correção: entre 13h18min e 15h15min, o horário das feiras em Porto Alegre na sexta-feira estava incorreto. O texto já foi corrigido.
Chegou aquela época do ano em que os gaúchos trocam a costela e a picanha pela merluza e a tainha. A Semana Santa é um bom período para desbravar peixarias e feiras sazonais e escolher o pescado para o almoço em família na Sexta-feira Santa. A Feira do Peixe de Porto Alegre já está instalada no Largo Glênio Peres, com as bancas em plena atividade. Na Capital, ainda há a 17ª Feira do Peixe Restinga, na Esplanada da Restinga, e a 8ª Feira do Peixe do Extremo Sul — Belém Novo, na Praça Inácio Antônio da Silva. As três funcionam entre 8h30min e 20h30min até quinta-feira (18). Na sexta-feira (19), estarão abertas até as 13h. Boa parte das cidades da Região Metropolitana também armaram suas tendas — veja neste link os endereços.
— Os preços estão bem parecidos com os do ano passado, então, a expectativa é de que o consumidor venha e aproveite as ofertas — diz José Avelino Carvalho, proprietário da Banca 11 da Feira do Peixe de Porto Alegre.
As campeãs de procura são a tainha fresca (com valor médio de R$ 15 o quilo na feira), a corvina fresca (cerca de R$ 14 o quilo) e o filé congelado (varia de R$ 20 a R$ 25 o kg, com muitas bancas fazendo promoções para o segundo quilo), em geral de merluza ou pescada. O camarão, outro favorito dos consumidores, está com preço um pouco mais salgado: a bandeja de 400 gramas do camarão médio sai em torno de R$ 25. A reportagem de GaúchaZH consultou estes valores em pelo menos cinco bancas na manhã de terça-feira (16) e estes são os valores médios.
— Não estão tão baixos os preços, mas para fazer um baita almoço uma vez por ano vale a pena gastar um pouco mais — disse o aposentado José Antão Andrades, 65 anos.
Ele e a esposa, Doralícia Machado, 68 anos, visitaram a Feira do Peixe nesta terça-feira e compraram tainha e corvina para colocar na brasa na próxima sexta. Doralícia completará o menu com filezinho frito coberto com molho, para saciar o apetite dos dois filhos e netos que almoçarão juntos.
— Fica uma delícia — garante a aposentada.
Antes de levarem o pescado, no entanto, ambos observam bem as características dos peixes. Sabem que o corpo do peixe fresco precisa ser firme, como prova de que a carne é nova e mantém a qualidade, e que o cheiro forte denuncia um pescado estragado. Olhos opacos significam que a umidade está se esvaindo, mais um sinal de que o pescado está parado há muito tempo na banca.
— O sinal mais confiável de que o peixe é bom é a firmeza do corpo. O consumidor pode colocar a mão em um saco plástico e tocar na carne. Se a textura volta imediatamente ao lugar, é porque o peixe é bom e novo — afirma Thomas Sena, vendedor da banca 24 da Feira de Porto Alegre.
O consumidor deve ter atenção especial à compra de bacalhau, após pesquisa do Instituto Nacional de Ciências Forense da PUCRS mostrar que sete entre 10 mercados e supermercados de Porto Alegre venderam peixes falsos no ano passado. Professor do curso de cozinheiro da Faculdade Senac Porto Alegre, Bruno Ivanoff explica que o próprio consumidor pode reduzir o risco de comprar gato por lebre ao adotar alguns cuidados.
— A dica para garantir que o bacalhau é legítimo é comprar embalado, na caixa, com selos de procedência, segurança e inspeção sanitária do Ministério da Agricultura — sugere.
Dicas para acertar na compra e no preparo
- Chegue cedo à feira ou peixaria. Como o peixe se deteriora com muita facilidade, quanto antes você comprar, mais fresco ele estará. Além disso, você evita filas e tem mais tranquilidade para pesquisar e negociar preços.
- Se puder escolher entre o peixe fresco ou o congelado, opte pelo produto fresco.
- Evite comprar o peixe exposto, que fica muito suscetível à manipulação e troca de temperaturas. Peça o produto que está no refrigerador.
- Fique atento à limpeza da peixaria. Veja se o atendente está de uniforme. Observe se o local possui a documentação da Anvisa em dia.
- Comprar uma grande quantidade de peixe para guardar só é uma boa escolha se você for consumi-los em até 30 dias.
- Para descongelar o peixe, tire do freezer e deixe na geladeira de um dia para o outro ou até tocar e sentir que está descongelado.
- Não tire do freezer e deixe sem refrigeração.
- Não desperdice: se não quiser incluir a cabeça ou as nadadeiras em sua receita, você pode aproveitá-las para fazer caldo ou ralar a carne para fazer bolinhos.
Como identificar quando o peixe está próprio para o consumo
- Odor: o peixe precisa ter cheio de mar, inclusive os de água doce, e não um odor forte e desagradável.
- Olhos: devem estar brilhantes, com as pupilas escuras e a íris branca ou amarelada. Não compre se os olhos estiverem opacos.
- Corpo: a carne deve estar firme, mas flexível. Quando está passando do ponto, o peixe fica flácido. Faça o teste e pressione com os dedos: se não ficarem marcas, significa que o peixe é fresco.
- Escamas: precisam estar bem presas, sem soltar facilmente ao passar a mão.
- Guelras: essa parte abaixo da bochecha do peixe tem de estar bem vermelha ou rosada. Se estiver desbotada, o peixe não está fresco.
- Refrigeração: o produto deve estar em local refrigerado, em contato direto com o gelo. A temperatura ideal de conservação para peixe fresco é entre 0ºC e -2ºC. Para peixe congelado, é de -18ºC.
Alerta para o bacalhau falso
- A forma mais segura de garantir um legítimo bacalhau é comprar embalado, na caixa, com selos de procedência, segurança e inspeção sanitária do Ministério da Agricultura.
- A legislação brasileira autoriza a serem comercializados como bacalhau os tipos Gadus morhua, Gadus macrocephalus e Gadus ogac. Esta informação precisa estar na etiqueta.
- Quem for comprar o peixe inteiro deve observar se tem a cauda traseira reta e a pele malhada, que caracterizam o legítimo bacalhau.
- Muito cuidado a quem vai comprar o bacalhau em pedaços ou desfiado, pois é muito comum que sejam misturados a outros peixes, inclusive anjo salgado.
Fonte das dicas: Thomas Sena, peixeiro da Banca 24 da Feira do Peixe de Porto Alegre, José Avelino Carvalho, proprietário da Banca 11, e professor do curso de Cozinheiro da Faculdade Senac Porto Alegre Bruno Ivanoff