Após pesquisa do Instituto Nacional de Ciências Forense da PUCRS mostrar que sete entre 10 mercados e supermercados de Porto Alegre venderam outro peixe como se fosse bacalhau no ano passado, o consumidor deve redobrar a atenção para não comprar gato por lebre nesta Semana Santa. Professor do curso de cozinheiro da Faculdade Senac Porto Alegre, Bruno Ivanoff explica que o próprio consumidor pode reduzir o risco de comprar um falso bacalhau ao adotar alguns cuidados.
— A forma mais segura de garantir um legítimo bacalhau é comprar embalado, na caixa, com selos de procedência, segurança e inspeção sanitária do Ministério da Agricultura.
A legislação brasileira autoriza a serem comercializados como bacalhau os tipos Gadus morhua, Gadus macrocephalus e Gadus ogac. Esta informação precisa estar na etiqueta. Quem for comprar o peixe inteiro deve observar se tem a cauda traseira reta e a pele malhada, que caracterizam o legítimo bacalhau.
— Muito cuidado a quem vai comprar o bacalhau em pedaços ou desfiado, pois é muito comum que sejam misturados a outros peixes, inclusive anjo salgado, e vendidos de forma fraudulenta como bacalhau — explica Ivanoff.
Reforço na fiscalização
Apesar dos números apontados na pesquisa da PUCRS, a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde afirma que não recebeu nenhuma denúncia referente a suspeita de fraude no bacalhau em Porto Alegre no ano passado. Conforme Paula Marques Rivas, chefe da equipe de Vigilância de Alimentos da Secretaria da Saúde, no período que antecede a Semana Santa, a fiscalização é intensificada no Mercado Público da Capital e nas peixarias de supermercados. Entretanto, nenhum indício de fraude foi detectado no ano passado nem em 2019 — a força-tarefa começou na segunda-feira passada (8) e segue até a próxima quinta (18).
— Pelas informações publicadas na reportagem, este parece não ser um problema específico do mercado ou supermercado, e sim da origem, ou seja, no fornecedor do peixe ao comércio — afirma Paula, que diz carecer de informações mais precisas para avaliar onde poderia ter ocorrido a fraude: na rotulagem ou procedência.
Estes aspectos, além da rastreabilidade, são monitorados pelos fiscais da Vigilância quando recebem alguma denúncia ou nas visitas de rotina aos estabelecimentos comerciais, afirma Paula. Os problemas envolvendo peixe em 2018 foram em manipulação e acondicionamento.
— Sobre fraude, não recebemos nenhuma denúncia nem encontramos indícios na fiscalização— assegura.
Denúncias em Porto Alegre podem ser feitas pelo telefone 156, diretamente com a prefeitura, ou por este site da prefeitura da cidade. A Vigilância orienta que o consumidor coloque o maior número de informações possíveis em sua reclamação, como estabelecimento, data de compra, nota fiscal e número de lote/rastreamento do produto sob suspeição.