Diante do risco da volta de doenças contagiosas graves consideradas erradicadas no Brasil - como sarampo e poliomielite -, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimento bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específicas. Para falar da importância da vacinação, a apresentadora Xuxa, conhecida por ser a Rainha dos Baixinhos, foi intitulada madrinha da campanha.
Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões.
"As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no país", informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomielite. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.
Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo - consideradas graves - eram de 100%.
Oferta
Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.
O problema, dizem autoridades e especialistas, não é a produção.
— Quando doenças estão erradicadas, com elas vai o medo e a percepção do risco — diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
—Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância.
Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas.
—E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focando na prevenção.
Xuxa participa da campanha
Para falar da importância da vacinação, a apresentadora Xuxa, conhecida por ser a Rainha dos Baixinhos, foi intitulada madrinha da campanha contra pólio e o sarampo. Sem cobrar cachê, ela participou de um vídeo que fez uma viagem à época em que o personagem Zé Gotinha foi criado.