Bairros das regiões norte, sul e central seguem como os mais afetados pela cheia do Guaíba, em Porto Alegre, neste sábado (4). Na avaliação da prefeitura, a subida do nível desacelerou nas últimas horas, mas ainda assim superou os 5 metros durante a manhã, a primeira vez desde que existe medição no Cais Mauá, no Centro.
— Infelizmente, o que não preocupa hoje (sábado, 4) são as partes mais altas de Porto Alegre e afastadas do lago. No resto, a água está tomando conta — resumiu Maurício Loss, diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
Na Zona Norte, os bairros mais afetados são os próximos à comporta 14 do muro de contenção do Guaíba, que se rompeu na sexta-feira (3), no acesso à Avenida Sertório. A água avançou por ruas e avenidas do 4º Distrito, Navegantes e Humaitá. Na manhã deste sábado, havia alagamento no bairro São Geraldo.
O prefeito Sebastião Melo pediu para que moradores deixassem locais ameaçados por um vazamento de um dique no bairro Sarandi. Ele informou que há 1,3 mil pessoas fora de casa devido a alagamentos e pediu doações de roupas de colchões e roupas de cama.
O Centro Histórico está alagado desde a sexta-feira (3). A situação, porém, piorou neste sábado: a reportagem flagrou uma embarcação na Borges de Medeiros, próximo ao Mercado Público. Também foi verificado que a cheia deixou submerso o cruzamento da Rua dos Andradas com a General Câmara (antiga Ladeira).
Os bairros Menino Deus e Praia de Belas tiveram diversas vias da região alagadas, com água nas calçadas e com pontos de bloqueio no trânsito. Segundo Loss, os alagamentos não são causados apenas pelo avanço do Guaíba na cidade.
— O sistema de drenagem não está conseguindo colocar toda a água da chuva para fora da cidade. Além disso, cada vez que a água sobe, mais estações de bombeamento pluvial param, então há o extravasamento da rede pelas bocas de lobo: não é propriamente o Guaíba que está chegando em pontos quilômetros distante — acrescenta.
Trânsito
Os alagamentos fazem com que a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) oriente que motoristas usem as vias da Capital apenas em caso de emergência neste sábado.
— Não é momento de passear, de ver como a situação está. É a hora de deixar a cidade para as pessoas que estão envolvidas com a operação de resgate, de apoio à prefeitura, para quem atua com as doações. Precisamos deixar o trânsito livre para esses veículos — diz Vinicius Fachin Rossa, gerente de controle e monitoramento da mobilidade da EPTC.
Segundo ele, há bloqueios em vias e os semáforos estão fora de funcionamento em pontos dos bairros mais afetados pela água, como o Centro Histórico, 4º Distrito e São Geraldo, na Zona Norte, e pontos do extremo-sul da Capital, como Lami e Ipanema. Os agentes também estão atentos à situação do bairro Sarandi, por conta da ameaça de um alagamento maior devido ao vazamento do dique.
— A Assis Brasil é o nosso principal ponto de entrada e saída para a freeway, o que deixa com um grande volume de veículos e causa congestionamento no local. Não há problemas no trânsito na maioria das principais avenidas, como Baltazar de Oliveira Garcia, Bento Gonçalves e Ipiranga e para quem acessa a RS-040 (rodovia que conecta a Capital a Viamão). Mas isso é uma situação momentânea, não sabemos como estará nas próximas horas — acrescenta.
Até as 11h deste sábado, Porto Alegre só tinha acesso pela Avenida Assis Brasil, na saída para a freeway, e RS-040, em direção a Viamão. Demais pontos, como pela Avenida Castelo Branco e o acesso pelo aeroporto Salgado Filho, estão bloqueados.