Desde a madrugada deste sábado (4), moradores estão deixando as casas no bairro São Geraldo, na zona norte de Porto Alegre. A água segue avançando na região, alagando ruas e impossibilitando a circulação de pessoas.
Morador da Presidente Roosevelt há 30 anos, o motorista Telmo da Conceição, de 68 anos, nunca havia deparado com essa situação. Durante a noite, por volta das 22h, verificou a situação e, ainda, considerou que era possível permanecer em casa. Já durante a madrugada, por volta das 3h, com água no joelho, decidiu deixar o local.
– Peguei só meus documentos e saí. É uma coisa terrível, assustadora – lamenta.
O motorista buscou refúgio num posto de combustíveis na esquina da Avenida Farrapos com a Visconde do Rio Branco. Assim como ele, dezenas de outras pessoas buscaram o local para se abrigar.
– Era um mar de gente – diz o motorista.
Durante a manhã, moradores ainda deixaram as casas carregando pertences e levando animais de estimação. Alguns chegavam a ter água passando da altura da cintura. Um morador, vindo da Rua Santos Dumont, saiu de casa ao perceber que a água não parava de subir.
O consultor de vendas Luiz Oscar Silva dos Santos, de 31 anos, veio de Viamão para a zona norte da Capital na tentativa de auxiliar o pai de 72 anos, que reside numa casa geriátrica.
– Eles estão em 15 idosos lá e já tiveram que ir para o segundo andar. Não estou conseguindo chegar lá. Não tem como. Eles precisam de ajuda para sair – apela o rapaz.
– Está subindo muito. Na presidente Roosevelt a água está mais de um metro. Não se enxerga mais nada – contou um morador da região.
Há 12 anos morando na Rua Félix da Cunha, o proprietário de um estacionamento na mesma via está agoniado com a situação.
– Nunca vi algo assim. Essa noite eu nem dormi. A gente está na esperança que não chegue lá. Mas do jeito que está estamos com receio que chegue –contou Weslley Machado Santos, de 29 anos.
Morador da Conselheiro Travessos, o vendedor Saladino El Hawat Júnior, de 46 anos, saiu de casa agora pela manhã com a água alcançando o peito.
– Aqui na Farrapos ainda está bom perto do que está ali. A Santos Dumont, a Voluntários e a minha rua está acima da cintura – contou.
Durante a madrugada, o morador ouviu um estouro nas proximidades. Na mesma rua, foi registrado um incêndio.
– Teve o estouro e fogo. Acho que inundou de água e deve ter dado um curto. Ficamos com medo que começasse a se alastrar, mas ficou ali mesmo e se apagou – relatou.
Transporte
A situação afeta também o transporte público. Os ônibus que seguiriam até a Farrapos estão fazendo o retorno na Rua Almirante Tamandaré. No entorno há outras vias alagadas, onde o trânsito está interrompido. A orientação é para que as pessoas evitem circular pelo local.