O tronco fossilizado de 200 milhões de anos da Redenção, em Porto Alegre, ganhou uma identificação improvisada feita por uma pessoa anônima. Em uma estrutura de metal já existente, é possível ver uma folha branca emoldurada por um plástico e presa por dois arames. Letras pretas exibem as informações sobre a atração geológica.
O tronco fossilizado está localizado entre o antigo orquidário e o lago e lembra um toco de árvore cortada. A prefeitura garante que será instalada uma placa de identificação ainda em março no local (leia mais na nota abaixo).
— Eu admiro o tronco fossilizado há muitas décadas. Não tinha identificação e eu costumava trazer meus filhos, sobrinhos e netos para conhecê-lo — conta o aposentado Paulo Prates, 80 anos, que observava atento o que o cartaz dizia na manhã desta quinta-feira (29).
A aposentada Maria Aparecida Santana, 83 anos, conta que nunca percebeu a presença do tronco fossilizado durante suas caminhadas pela área. Ela é irmã de Prates e o acompanhava no passeio matutino.
— Estou impressionada, porque parece um tronco de madeira. Mas é de pedra — surpreende-se, após tocar na superfície do material.
Com apenas 1m15cm de altura e 72cm de diâmetro, o tronco fossilizado foi tema de reportagem de GZH no ano passado, exatamente por não possuir qualquer tipo de identificação ou proteção.
Nesta quinta, havia uma garrafa de cerveja quebrada encostada ao tronco. Não há grade em seu entorno, o que permite que cães se aproximem para fazer suas necessidades. Também está à mercê de pichadores. Já exibe um caranguejo desenhado em uma parte menos visível.
Pedido antigo
O prefeito da Redenção, Roberto Jakubaszko, desconhece quem seja o autor da colocação da identificação improvisada, mas elogia a iniciativa. Ele conta que os frequentadores pedem há anos que se instale ali uma placa informativa sobre o fóssil.
— Quem colocou realizou algo bonito que a prefeitura não fez — observa, acrescentando:
— Em nome do parque, agradecemos a esse anônimo.
O tronco fóssil pertence ao gênero Araucarioxylon e foi instalado na Redenção há pelo menos 40 anos, mas ninguém sabe ao certo a data e nem quem o colocou no endereço atual. Teria sido trazido da cidade de Mata ou de São Pedro do Sul, situadas no interior do RS e conhecidas por seus exemplares de árvores fossilizadas.
Desde 2003, o geólogo Pércio de Moraes Branco afirma que tenta convencer a prefeitura a instalar no tronco uma placa de identificação, o que já existiu no passado. Porém, acabou vandalizada em 2012 e não foi substituída.
Ele próprio instalou, em duas oportunidades, identificações improvisadas, mas elas foram furtadas:
— A identificação é importante para a preservação do tronco fóssil. Ele tem a aparência de um tronco atual, mas, na verdade, possui 200 milhões de anos.
Conforme Branco, o ideal seria a prefeitura instalar uma placa sem valor comercial. Para evitar novos furtos, ele sugere granito como material e também a colocação de grades no entorno. Apesar de estar exposto, o item oferece resistência à ação do homem.
— O material do tronco é muito resistente em termos químicos e físicos. Pode derramar ácido que não danifica e se alguém quiser quebrar terá muitas dificuldades. Não precisamos nos preocupar com danos físicos — explica.
O que diz a prefeitura
A reportagem questionou a prefeitura sobre a instalação de uma identificação oficial. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) respondeu, por nota, que uma placa será colocada no local em março.
Confira nota na íntegra:
"A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade informa que colocará uma placa de identificação do tronco fossilizado no Parque Farroupilha no mês de março, em comemoração aos 252 anos da cidade de Porto Alegre.
A Smamus trabalha para que a placa tenha maior durabilidade, assim não será destruída facilmente por vândalos que já depredaram outras tentativas de identificação do fóssil milenar.
Para quem não conhece o tronco, a Smamus informa que faz diversas atividades de educação ambiental na Redenção que incluem visitas ao local para divulgar a história do fóssil. Mais informações pelo e-mail: educacaoambiental@portoalegre.rs.gov.br."