Empresários com diferentes trajetórias de sucesso se reuniram em um painel realizado na tarde desta quinta-feira (30), no South Summit, em Porto Alegre, para resumir décadas de aprendizado em apenas 30 minutos.
Sob a mediação do publisher e membro do Conselho da RBS, Nelson Sirotsky, um trio de notáveis apresentou conselhos a outros empreendedores, como unir paixão e técnica, resolver problemas agindo rápido e de forma pontual, e selecionar com cuidado as tecnologias mais apropriadas a cada negócio antes de adotá-las.
Focado em empreendedorismo, inovação e tecnologia, o painel batizado em inglês "Entrepreneurship, Innovation and Technology's Success" reuniu ainda o vice-presidente do Conselho da RBS e sócio-fundador da Tornak, Fernando Tornaim, o CEO da Nelogica, Marcos Boschetti, e o sócio-fundador e CEO da Track&Field, Fred Wagner.
Na apresentação do encontro, Sirotsky destacou a importância do estado de espírito de quem pretende empreender antes de atender a outros requisitos:
— Ser positivo é fundamental no mundo empresarial.
Tornaim valorizou a capacidade de aliar essa disposição ao esforço de criar algo inovador.
— A capacidade de vender um sonho é fundamental, mas também de colocar o negócio em uma posição que não existia. Isso é melhor do que pegar algo que já existe e tentar fazer um pouco melhor — sustentou Tornaim.
O empresário lembrou que, ainda adolescente, criou a marca Kzuka ao perceber que faltava uma plataforma de comunicação jovem em uma época em que a internet ainda não cumpria esse papel. Hoje, sua empresa congrega 22 negócios independentes entre si.
Marcos Boschetti deu outro exemplo concreto sobre a relevância de perseverar na tentativa de construir um novo negócio. O CEO da empresa de tecnologia ligada ao setor financeiro lembrou que, quando decidiu deixar o trabalho como engenheiro de microeletrônica para empreender, foi aconselhado a não investir no Brasil, mas em algum outro lugar do mundo. Resolveu desconsiderar a recomendação e aplicou outra lição recorrente a quem anseia por seguir os mesmos passos: inovar.
— Se não criamos algo novo, não geramos vantagem competitiva para escalar o negócio — ensinou Boschetti.
Evidentemente, problemas apareceram. Para enfrentá-los, colocou em prática um método específico:
— Como nossa capacidade de prever o futuro é limitada, decidimos pegar problemas grandes, dividi-los em problemas menores e colocar soluções na rua.
Fred Wagner contribuiu com recomendações adicionais à fórmula sobre como superar eventuais barreiras. O CEO da empresa de varejo e experiências destacou a importância de avaliar bem o uso da melhor tecnologia, mas sem perder tempo.
— Com a pandemia, estimulamos as pessoas para trazerem ideias e inovação. A escolha das tecnologias certas mudou o curso da nossa história. Mas foi importante agir rápido. Se tivéssemos esperado três meses, não estaria aqui — afirmou Wagner.
Ele citou como exemplos a adoção de um sistema que permitiu aos vendedores da rede atender os clientes pelo WhatsApp e a utilização de cada loja como um pequeno centro de distribuição dos produtos, com vantagens de logística. Mas fez um alerta:
— Muitas vezes, temos paixão por uma tecnologia que não é a ideal para o negócio.
Nelson Sirotsky concluiu o evento com uma provocação aos participantes do painel sobre a possibilidade de se frear o avanço da inteligência artificial — a exemplo do que defendeu recentemente o bilionário Elon Musk. Em tom bem-humorado, Sirotsky lembrou que, ao usar o Google pela primeira vez, em 1998, não achou nada sobre si mesmo na Internet. Situação muito diferente da atual.
— Hoje, encontro informações sobre mim que eu mesmo desconhecia — disse, sob risos da plateia
A avaliação unânime do painel é de que a tecnologia pode até avançar com menor ou maior velocidade, mas não há como ser barrada.