Com um projeto inovador para a área da saúde mental, estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Fernando Ferrari, de Campo Bom, venceram a grande final do HackaTchê nesta quarta-feira (29), no South Summit. A iniciativa vitoriosa propõe a criação de uma plataforma digital pela qual os alunos poderiam expressar problemas emocionais e receber atendimento de especialistas.
A proposta Conexão Emocional venceu as outras duas finalistas: a Escola Técnica Estadual 25 de Julho, de Ijuí, que ficou em 2º lugar com um projeto de reinserção de idosos no mercado de trabalho; e a Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Vitória das Missões, 3ª colocada, com uma proposta sobre reciclagem de lixo e meio ambiente. O júri que elegeu o melhor projeto foi formado pelos empresários Jorge Gerdau e Luiza Helena Trajano e pelo head do Campus Caldeira, Felipe Amaral, além das secretárias estaduais da Educação, Raquel Teixeira, da Inovação, Simone Stülp, e da Inclusão Digital, Lisiane Lemos.
O time vitorioso de Campo Bom é formado por Arthur de Lima, Laura Heberle de Morais e Geovana Moura Cesar. A professora Eduarda Maria Kunzler atua como coordenadora do projeto. A equipe é liderada pelo estudante Arthur de Lima, 16 anos. Em uma apresentação limitada a três minutos, ele contou que seu grupo fez uma pesquisa com alunos do próprio colégio e descobriu que 43% deles chamam os amigos quando passam por dificuldades e precisam de ajuda, enquanto 45% responderam que a ansiedade é o principal desafio emocional.
Segundo Arthur, o projeto nasceu em meados de 2022, após a constatação da dificuldade enfrentada pelos jovens para encontrar as pessoas adequadas para conversar sobre problemas mentais. A ideia é desenvolver uma plataforma que receba mensagens anônimas de estudantes a partir do 8º ano. O desabafo seria recebido por um gestor qualificado, que ficaria com a responsabilidade de atender o aluno e dar encaminhamento para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Os profissionais responsáveis pelo atendimento dos alunos seriam remunerados pela função, explica o líder do projeto:
— O gestor controlaria essa questão. Se ele observar que tem algum aluno sofrendo, com algum problema, como a questão de bullying, ele direcionaria para uma UBS ou CRAS. O gestor pode ser tanto um psicólogo como um estagiário da parceria que prentedemos fazer (com universidades), pessoas qualificadas para o trabalho.
Os vencedores ganharam uma viagem para o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, onde serão "recebidos com tapete vermelho", segundo a secretária da Educação, Raquel Texeira. Os estudantes também terão experiências de incubação para dar seguimento ao projeto.
— A nossa intenção é começar por Campo Bom, ver como vão ser as coisas, e ir aumentando a abrangência, porque (problemas relacionados à saúde mental) é algo que não é só em Campo Bom, mas em todo o Estado e fora do Estado. Eu acredito que vai ajudar muito — empolga-se Arthur.
O governador Eduardo Leite e o vice, Gabriel Souza, também acompanharam a final da competição e entregaram medalhas aos vencedores.
— Persistam todos, porque estar entre os projetos (finalistas), nesse evento, já é uma grande vitória. As ideias são todas muito boas — discursou Leite, antes da premiação.
O HackaTchê é promovido pela Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) e propõe que os estudantes busquem soluções tecnológicas para melhorar o cotidiano da rede estadual de ensino. Esta é a segunda edição do projeto, que em 2022 teve como vencedora a Escola Estadual de Ensino Médio Odila Villordo de Moraes, que desenvolveu um projeto para facilitar a prática pedagógica de reconhecimento facial dos alunos.