Reunidos para falar sobre como o mundo corporativo pode trabalhar de forma a garantir sustentabilidade ambiental, social e de governança — tríade conhecida pela sigla do inglês ESG —, participantes de um painel do South Summit defenderam, nesta quarta-feira (29), a inovação como forma de atingir esses objetivos.
Isso inclui buscar soluções inéditas não apenas dentro da própria companhia, mas junto a fornecedores ou clientes, e por meio de parcerias com startups.
Para abordar essa questão, foram convidados o CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira, e o responsável pela área de Sustentabilidade da Ambev para a América Latina, Rodrigo Figueiredo, sob mediação do CEO e fundador da Numerik, Eduardo Lorea.
Figueiredo lembrou que, em 2017, foram estabelecidas cinco metas de sustentabilidade na Ambev, como reduzir a emissão de carbono, para as quais ainda não havia um plano de ação definido. A forma escolhida para buscar esses objetivos foi não contar com um departamento exclusivo de sustentabilidade, mas incorporar esse tema ao "core business" da empresa, ou seja, transformá-lo em um dos propósitos da organização e que deve ser abraçado por todos os setores.
Outra medida foi buscar estabelecer parcerias com agentes externos para colocar em prática ações sustentáveis.
— Os desafios que temos como empresa não podem ser resolvidos apenas pelas pessoas da própria Ambev, por isso mudamos a denominação de fornecedores para parceiros. Temos, por exemplo, uma aceleradora destinada a fomentar parcerias inovadoras — explicou Figueiredo.
Em uma dessas ações concretas, a Ambev recorreu à empresa gaúcha Randon para discutir a implementação de veículos elétricos com o objetivo de reduzir emissões de carbono dos caminhões.
Carlo Pereira lembrou que será preciso tomar ações como essas de forma rápida para fazer frente a pressões ambientais como as mudanças climáticas e a disponibilidade cada vez menor de água potável para uma população global cada vez mais numerosa.
— Em 2030, teremos uma defasagem de 40% entre a demanda e a oferta de água — avisou.
O especialista vinculado à ONU lembrou ainda que em 2050 haverá 10 bilhões de pessoas vivendo no mundo, e perto de metade disso poderá estar em zonas com algum grau do chamado estresse hídrico:
— Temos de sonhar grande e ser otimistas, de que a inovação vai ajudar na busca por soluções.
Uma das formas de atingir esses objetivos, segundo Pereira, é consolidar uma nova mentalidade entre os empreendedores.
— Não podemos mais dissociar propósito e lucro. Além de atender os acionistas, é preciso dar algo de volta à sociedade.