A cidade de Porto Alegre completa 251 anos neste domingo (26). A chegada de 60 casais portugueses açorianos, em 1752, trazidos por meio do Tratado de Madri, representa o começo de uma extensa história. Era para ficarem instalados na região das Missões, que estava sendo entregue pelos espanhóis ao governo português em troca da Colônia de Sacramento, nas margens do Rio da Prata.
O historiador Charles Monteiro, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e autor do livro Breve História de Porto Alegre, contextualiza:
— Os casais açorianos vieram da região das ilhas de Portugal, que estavam superpovoadas naquela época. Era uma população de agricultores que manejava o solo em pequenas propriedades.
A demora para a demarcação dessas terras fez os açorianos permanecerem no então chamado Porto de Viamão, primeira denominação da capital gaúcha. A ponta da península, na região da atual Usina do Gasômetro, foi o local por onde se espraiaram naqueles tempos.
— O Porto de Viamão era uma estância que pertencia ao Jerônimo de Ornelas. Havia criação de gado, indígenas escravizados, negros submetidos, soldados e a passagem de tropas. Os açorianos chegam na margem do Guaíba e se estabelecem por ali, onde constroem algumas habitações precárias — detalha Monteiro.
Em meio a essa diversidade, os colonos tiveram alguns conflitos, especialmente com Jerônimo de Ornelas. O filho do proprietário chegou a matar um deles em um desses entreveros. Dessa maneira, os açorianos começaram a se dispersar para outras regiões. O professor prossegue:
— Estabeleceram-se perto da água, onde foram pescar, tentar fazer as primeiras lavouras e constituir seu primeiro cemitério. Ao longo de um quarto de século, a presença deles será significativa junto ao trânsito de tropas, da navegação e da busca da consolidação da presença portuguesa nas Missões, tendo como base os rios internos da capitania.
Em 26 de março de 1772, foi a criada a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, que deu origem a Porto Alegre. No ano seguinte, trocou de nome para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre e virou a capital da capitania. E os anos e as décadas foram se sucedendo nas folhas do calendário. A partir de 1824, imigrantes de todo mundo, em especial alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses, judeus e libaneses, começaram a chegar. Diferentes línguas, cores, sabores e vivências se misturaram.
Formada por muitas etnias, Porto Alegre é multifacetada. Na Capital, se fala uma espécie de língua própria, como bem apresenta o professor Luís Augusto Fischer em seu Dicionário de Porto-Alegrês.
Mas também há outras vozes, identidades e histórias de vida espalhadas por ruas e bairros distintos. Nesta reportagem, GZH ouve os relatos de imigrantes vindos de sete países e de todos os continentes: Venezuela, Haiti, Estados Unidos, Polônia, Angola, Japão e Austrália.