A língua não foi o maior empecilho para o angolano António Victor, 29 anos. Afinal de contas, Angola também foi colônia portuguesa. O mais difícil foi entender a cultura gaúcha e a própria cidade nova.
— Vim parar em Porto Alegre por meio de uma comunidade de freiras salesianas. Tem uma ação social que elas fazem em meu país e acabei convidado para vir estudar aqui — diz o imigrante, que vive no bairro Floresta.
O sorridente jovem chegou há quatro anos. A mãe dele não queria, ofereceu certa resistência e precisou ser convencida pelo pai. E assim começou a história porto-alegrense do angolano vindo do município de Libolo, na província do Cuanza Sul.
— Pensei como seria possível aparecer essa oportunidade. Então, abracei e vim — relata.
Tudo seria novidade para ele, inclusive a viagem em direção ao Brasil.
— Seria a primeira vez que andaria de avião e não sabia se viria para Porto Alegre. Mas acabei aqui e fui recebido pelas irmãs salesianas.
Victor acredita que se tivesse permanecido em Angola estaria até agora sem oportunidades, possivelmente lutando por um espaço no mercado de trabalho informal.
Atualmente, Victor mora na casa das freiras salesianas. Lá, auxilia nas tarefas no turno da manhã. No período da tarde, faz estágio na Justiça Federal. E na parte da noite, cursa Informática na faculdade.
O jovem diz que gosta de caminhar por Porto Alegre para descobrir a cidade. Em breve, pretende conhecer a região revitalizada da orla do Guaíba. No futebol, revela:
— Sou gremista e gostei da Arena do clube.
Um desafio constante é a saudade. No começo, não conseguia se comunicar com os parentes, porque a família é humilde e não possuía celular nem internet.
— A saudade sempre bate. É muito difícil ficar apenas ouvindo a voz das pessoas — emociona-se, acrescentando que as irmãs gostariam de conhecer a Capital.