Após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as dificuldades persistiram no Japão por muitos anos. Hiroshima e Nagasaki, com milhares de mortos depois que duas bombas atômicas foram lançadas em cima da população civil por aviões dos Estados Unidos, precisaram ser reconstruídas tijolo por tijolo. Em busca de um futuro melhor, muitos não tiveram escolha e optaram por ir embora.
Em 1961, com 18 anos e uma vida inteira pela frente, o então estudante Kazutaka Matsumoto deixou a província de Aichi (localizada ao centro da ilha principal de Honshu) e embarcou em um navio, junto a outros 1,1 mil imigrantes, com destino ao porto de Santos. A viagem marítima durou 54 dias.
— Vim para o Brasil porque não tinha serviço no Japão depois da Segunda Guerra Mundial — relata Matsumoto, hoje com 81 anos e morador do bairro Rio Branco, em Porto Alegre.
Após o desembarque em Santos, ficou na Grande São Paulo trabalhando por quase cinco anos, em terras onde plantava verduras e legumes, em uma espécie de cooperativa. Permaneceu por lá até aceitar o convite de um amigo para conhecer a capital gaúcha.
Ao chegar em Porto Alegre, no final dos anos 1960, logo se encantou com a população, que achou bem diferente do povo paulista. A maior dificuldade, lembra, foi a aprendizagem da língua.
— No início, foi difícil, sim. Não estudei português na escola, aprendi em conversas com outras pessoas — diz.
Nessas mais de seis décadas no Brasil, Matsumoto retornou ao Japão para um período de 12 anos. Mas depois veio em definitivo para Porto Alegre, onde vive com a esposa, Kayoko, que conheceu em São Paulo e com quem teve um casal de filhos agora já adultos. Questionado sobre do que mais gosta na Capital, o imigrante responde:
— Gosto da população em geral, porque há alemães, italianos e porto-alegrenses. É a amizade.