Por Eduardo Fonseca
CEO da ABF Developments
A qualidade de vida de uma cidade depende diretamente de como são tratadas suas questões de urbanização.
Muitos desafios de hoje foram originados a partir de iniciativas passadas que pretendiam fazer lugares urbanos melhores. A regeneração urbana vem sendo impulsionada pela tecnologia, pela inovação, pelo adensamento inteligente, pelo foco nas pessoas e na integração com o espaço público ao nível da rua.
Os prédios altos, já presentes em cidades do Interior, surgem como alternativas possíveis. Pela sua grandiosidade, tornam-se uma alavanca para estimular a economia das regiões onde estão e, ao mesmo tempo, podem servir às pessoas.
Olhar para cima não significa ignorar o que está acontecendo ao lado. A combinação de diferentes pontos de vista e diferentes camadas de experiência ajuda a construir a cidade do futuro.
Em artigo recente em GZH, foi contestada a verticalização de Porto Alegre e as benfeitorias que podem surgir à cidade e às famílias de trabalhadores com menor poder aquisitivo.
Estamos vendo um novo perfil de sociedade, com novos formatos de famílias. Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE apontam que 30% da população de Porto Alegre mora sozinha.
Os imóveis se adaptam ao contexto. O 4D Complex House, citado no artigo, traz apartamentos compactos e acessíveis, pensados para atender a esse público, que terá a possibilidade de morar em uma região central, onde todo deslocamento pode ser feito a pé ou de bike, com ofertas de entretenimento e trabalho perto de casa.
Inspirado em grandes metrópoles como Nova York, Barcelona e Londres, que transformaram seus antigos bairros industriais centrais em áreas revitalizadas e valorizadas, o projeto requalifica a região do 4º Distrito, não apenas para seus moradores. Além da área de lazer generosa e serviços exclusivos, há um resgate da conexão com o Guaíba e o nosso prestigiado pôr do sol.
A arquitetura arrojada e escalonada em direção ao rio valoriza o design e a forma, cada vez mais importantes para o novo consumidor.
Sua fachada viva integra-o harmoniosamente ao espaço público e ao galpão centenário que abrigou a Fábrica Sul-Brasileira de Vidros – em processo final de revitalização – promovendo uma valorização do patrimônio histórico para receber um complexo gastronômico que será aberto à cidade, com operações como nos mercados de bairro de Barcelona e Madrid (La Boqueria e San Miguel). Esse uso misto vai gerar vida 24 horas por dia, sete dias por semana, fortalecendo o caráter de sustentabilidade do projeto, trazendo segurança à região.
Como contrapartida para a cidade, o empreendimento entregará um boulevard inspirado no High Line (Nova York), ligando o local ao Moinhos de Vento, promovendo a humanização do espaço público com ciclovia, mobiliário urbano de qualidade e um paisagismo com muito verde, formando um parque linear.
É um projeto alinhado com os conceitos do novo urbanismo, em uma região que tem vocação para economia criativa e arte. Neste mês, um dos paredões do galpão estará recebendo um painel pintado pelo maior artista brasileiro de street art, Eduardo Kobra, passando a ser um novo ponto turístico para os apreciadores da arte urbana.
O 4D incentiva o viver a cidade e o entorno, permitindo que os atuais moradores da região usufruam uma qualidade de vida que não se encontra hoje no local.
É louvável a iniciativa da prefeitura municipal de Porto Alegre de, por meio de um novo Plano Diretor, gerar condições de finalmente revitalizar e possibilitar o surgimento de um 4º Distrito novo e pujante.
Evidentemente, projetos assim não resolvem, e nem têm pretensão de resolver, todos os problemas sociais. Mas nem por isso deixam de ter valor e importância em um contexto de transformação.