O Parque Farroupilha, um dos mais tradicionais de Porto Alegre, pode vir a ter, no futuro, um museu contando a história do próprio lugar. Pelo menos esse é o sonho acalentado há anos pelo economista aposentado Roberto Jakubaszko, 72 anos, atual prefeito da Redenção.
— Não seria algo tradicional, penso em um espaço mais dinâmico, com as pessoas trazendo os próprios relatos, se manifestando e compartilhando memórias — explica Jakubaszko, acrescentando: — Temos registros com nomes de visitantes, muitos eram europeus, e um universo de outras coisas.
Apesar de a ideia ser incipiente e não haver projeto concreto em execução, o aposentado cita três referências para abrigar o futuro museu — o Templo Positivista (situado na Avenida João Pessoa em área próxima ao parque) e os espaços administrativos da Redenção (perto dos pedalinhos) e do Parque Ramiro Souto (localizado no próprio local).
A preocupação do prefeito da Redenção também diz respeito ao destino das peças e objetos que contam a história do parque.
— Neste momento, temos peças espalhadas pelas secretarias da prefeitura. Estamos perdendo fisicamente o que está guardado, como registros, fotos e bustos — alerta.
Conforme matéria recente de GZH, um imóvel tombado na Avenida Independência esconde relíquias que precisaram ser retiradas de circulação de praças de Porto Alegre, por serem alvos de vandalismo. A equipe de Patrimônio e Memória, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC), restaura e preserva peças de valor histórico no local. O que consegue ser recuperado volta ao lugar de origem. As demais permanecem no local, um verdadeiro cemitério de estátuas. A reportagem mostrou que os monumentos espalhados pela Redenção são os mais visados pelos ladrões, especialmente no trecho perto do Viaduto Imperatriz Leopoldina, na Avenida João Pessoa.
Reunião com a prefeitura deve ocorrer após o Natal
Questionado se já manifestou sua intenção por um museu na Redenção ao prefeito Sebastião Melo, o aposentado responde que não.
— Nunca tocamos abertamente nesse assunto. Mas teremos uma reunião depois do Natal para tratar disso — garante.
Seria uma barbada fazer um museu na Redenção. Basta uma empresa consolidada e com visão de futuro assumir essa sugestão. Não precisa muito dinheiro para o projeto sair do papel.
ROBERTO JAKUBASZKO
Economista aposentado, prefeito do Parque da Redenção
Instalar o museu não seria problema por já existir estruturas físicas prontas, como se percebe observando os três locais indicados. Porém, a questão é saber de onde sairia o dinheiro para concretizar a ideia.
— Seria uma barbada fazer um museu na Redenção. Basta uma empresa consolidada e com visão de futuro assumir essa sugestão. Não precisa muito dinheiro para o projeto sair do papel — conclui Jakubaszko, citando nomes como Gerdau, Grendene e Pepsi.
O secretário municipal da Cultura, Gunter Axt, vê como algo positivo um museu na Redenção no futuro.
— A ideia de um museu sobre o parque seria muito bacana. Escrevi um livro com o Moacyr Scliar sobre a Redenção — menciona o titular da pasta e coautor da obra Parque Farroupilha: Redenção — Histórias de Porto Alegre, lançado em 2011.
A Redenção possui, segundo dados da prefeitura de Porto Alegre, 37,51 hectares e conta com espaços como Recanto Alpino, Recanto Oriental, Recanto Europeu e o Espelho d’água. O Monumento ao Expedicionário é um dos destaques do lugar. Trata-se de um parque frequentado por milhares de porto-alegrenses e palco de manifestações democráticas e culturais.
Atualmente, a Redenção está no centro dos debates em função da proposta da prefeitura de cedê-la à iniciativa privada. A empresa que assumir a concessão vai ter retorno financeiro por meio da receita de restaurantes, eventos, publicidade e de um estacionamento subterrâneo — este é o principal ponto criticado por grupos contrários à privatização.