O laudo sobre as condições atuais do Esqueletão, como é conhecido o Edifício Galeria XV de Novembro, localizado em área de intensa circulação de pessoas no Centro Histórico de Porto Alegre, está praticamente pronto. Uma reunião entre integrantes da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), Procuradoria-Geral do Município (PGM) e a equipe do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi realizada na quinta-feira (21). No encontro, que ocorreu na sede da PGM, a prefeitura da Capital solicitou complementos para os responsáveis pelo laudo. Assim que as informações adicionais estiverem prontas, o material será encaminhado ao judiciário do Estado.
Procurado para responder sobre o que o laudo sinaliza acerca do futuro do imóvel, se será restaurado ou demolido, o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, afirmou que não se manifestará até ter o laudo definitivo, o que ainda deve demorar mais alguns dias. A assessoria da pasta informou que “quanto ao conteúdo, por orientação da PGM, e por integrar uma ação judicial, vamos divulgar somente quando estiver pronto”.
No último dia 14, Flores chegou a dizer que sua maior preocupação era com um possível desabamento do edifício.
— Se ele desabar, é imprevisível, porque pode atingir um prédio lá na Otávio Rocha. Ele não cairia ordenadamente — observou.
Conforme GZH também já havia noticiado, de acordo com apontamentos técnicos, se nada for feito, a edificação de 19 andares vai cair em algum momento. O prédio de tijolos à vista, que fica na Rua Marechal Floriano, esquina com a Avenida Otávio Rocha, foi erguido pela Sociedade Brasileira de Construção nos anos 1950, porém jamais teve sua obra concluída. Segundo avaliação da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF), o valor do imóvel era de cerca de R$ 3,4 milhões em 2021.
Da mesma forma que a prefeitura, a professora responsável atualmente pelo laudo do Leme, Luciani Somensi Lorenzi, do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (Norie), informou nesta sexta-feira (22), por meio da assessoria de imprensa da UFRGS, que a equipe recebeu orientação da PGM para não se pronunciar neste momento sobre o tema.
Histórico de problemas
Alvo de polêmicas, o edifício, instalado em área superior a 13 mil metros quadrados, teve a primeira interdição judicial parcial em 1988. A prefeitura ingressou, em 2003, com ação civil pública solicitando a interdição e a desocupação do Esqueletão, além da apresentação de projeto de recuperação e conclusão da obra, e realização das reformas conforme projeto aprovado.
Em resumo, a ação pede para os proprietários finalizarem o prédio. O problema é que o imóvel é privado e possui cerca de 300 proprietários. Como são dezenas de pessoas entre donos e herdeiros envolvidos na questão, a Justiça não conseguiu notificar todas as partes envolvidas.
O Executivo municipal voltou a interditar, em 2005, andares e salas desocupados, após decisão judicial. O decreto 20.395, que declarou o imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação, foi editado em dezembro de 2019. A desocupação definitiva do lugar ocorreu em setembro do ano passado. Desde então, a expectativa é para conhecer o destino do prédio.