O laudo técnico com os detalhes do atual estado de conservação do Esqueletão, denominação popular do Edifício Galeria XV de Novembro, será entregue à prefeitura de Porto Alegre na próxima semana. O imóvel de 19 andares e tijolos vermelhos à vista, situado na Rua Marechal Floriano Peixoto, esquina com a Otávio Rocha — área de intensa movimentação de pessoas no Centro Histórico da Capital — está inacabado desde a década de 1950.
A desocupação definitiva ocorreu em setembro do ano passado. O jornalista Jocimar Farina revelou, em matéria publicada em abril, que se nada fosse feito com a edificação, o Esqueletão iria cair. Agora, o futuro do prédio está perto de ser conhecido pela população da cidade. Para o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, o pior destino da edificação seria a estrutura realmente desabar.
— Se nada for feito, ele vai desabar. Certamente, no futuro, do jeito que está, vai ruir e cair. É um risco real, ainda que não imediato. Se ele desabar, é imprevisível, porque pode atingir um prédio lá na Otávio Rocha. Ele não cairia ordenadamente — reconhece.
A professora responsável pelo laudo, Luciani Somensi Lorenzi, do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (Norie), informou nesta quinta-feira (14), por meio da assessoria de imprensa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que os resultados da avaliação serão revelados apenas após a entrega do material, na próxima semana.
O engenheiro Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como Manezinho da Implosão, que foi o responsável técnico pelo projeto de derrubada da antiga sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), visitou o Esqueletão este ano, a pedido dos técnicos da UFRGS. Dias afirmou nesta quinta que o prédio não tem condições de ser adaptado às novas normas que dizem respeito ao Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). O engenheiro cita o caso da tragédia do Edifício Joelma, ocorrida em São Paulo, em 1974, como marco na mudança nas regras. O incêndio no local deixou 187 mortos na ocasião. E compartilha o que acredita ser o mais indicado para a edificação da capital gaúcha:
— A minha percepção é de que a demolição é a melhor solução. Até porque a reforma de um prédio antigo, aparentemente obsoleto e fora do design e da arquitetura moderna, não tem vocação para ser reformado.
Sob outro ponto de vista, o professor Eber Marzulo, do Departamento de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, avalia que o ideal seria manter a edificação, reformando e oferecendo os apartamentos para a população mais carente.
— O processo de restauração seria o mais adequado. Uma alternativa seria a reforma para uso de habitação social para enfrentar o déficit populacional da cidade, facilitando o acesso à moradia dos mais pobres na região central — reflete, dizendo que também poderia haver alguns serviços de comércio no imóvel.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) também se manifestou sobre o assunto.
— A nossa posição é sempre pela segurança. Se o laudo garantir estabilidade, apoiamos que o prédio seja restaurado. Mas precisamos ver o que o laudo vai indicar — observa o presidente da entidade, Tiago Holzmann da Silva.
Em maio, GZH mostrou a preocupação dos comerciantes que trabalham e possuem lojas no entorno do Esqueletão. A maioria mostrava receio sobre uma possível demolição da estrutura afetar os prédios vizinhos.