O investimento em startups e o relacionamento de grandes corporações com empresas nascentes foram tema de painel que abriu as atividades do último dia do South Summit, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (6). Líderes de grandes companhias como Gerdau e Randon falaram da importância dos programas de investimento, chamados CVC (do inglês Corporate Venture Capital), para alavancar a conexão entre corporações e iniciativas inovadoras.
O painel foi mediado por Newton Campos, diretor regional na América Latina da IE University, que abriu o bate-papo convidando os painelistas a falarem sobre os programas nas suas empresas. Os CVCs são fundos criados pelas companhias para investir em startups e outros negócios.
Rosario Cannata, executivo da EDP Ventures, ligada ao mercado de energia, afirmou que um setor de Corporate Venture Capital precisa ser formado nas grandes empresas apenas quando as corporações já estiverem prontas para este tipo de investimento.
- Não é mais um namoro com a startup, é um casamento - disse.
Mateus Jarros, líder da Gerdau Next Venture, reforçou a necessidade de alinhamento interno para uma visão de diversificação, e não só de inovação.
Para Mateus de Abreu, diretor de estratégias e novos negócios da Empresas Randon, o investimento é o último elo da cadeia. Antes, é preciso desenvolver o relacionamento entre os agentes envolvidos. Para isso, acrescentou, é preciso criar um ambiente de acolhida para as startups.
- Investir em startups é nada mais do que se relacionar. Não é um movimento de um ou dois anos. Se a empresa não está preparada para iniciar esse relacionamento, será ruidosa - disse Abreu.
Os líderes destacam que é fundamental uma mudança de pensamento dentro das companhias. Ou seja, entender quais são os tempos e os caminhos de cada negócio, para evitar frustrações.
Do ponto de vista da empresa que investe, os convidados falaram dos desafios de medir o faturamento dos investimentos. O resultado financeiro importa, mas não é o mais importante.
Na EDP, afirmou Cannata, o retorno financeiro não é tão importante quanto o retorno estratégico. Da mesma forma na Gerdau, que defende medir quantos novos mercados estão sendo atingidos para o portfólio, conforme Jarros.
Na Randon, Abreu destaca que são elencados objetivos estratégicos: novos mercados, novos clientes e como se posicionar como empresa de serviços além do ramo industrial.
Pelo viés da startup que recebe o investimento, o primeiro ponto de avaliação é a complementariedade dos times. Na avaliação de Cannata, as melhores startups são as que estão funcionando melhor, com boas dinâmicas entre as equipes.
- Do lado da startup, é preciso que os times estejam preparados para lidar com as corporações - explicou Rosario Cannata.
Como conselho aos empreendedores que buscam esse tipo de investimento, Mateus Jarros, da Gerdau, diz que há dois tipos de "não" que o investidor dá ao empreendedor. Tem o definitivo, mas também tem o "não temporário", que pode resultar em conversa promissora mais adiante, com acerto mais maduro.
Mateus de Abreu, da Randon, finalizou reforçando a necessidade de as startups iniciarem o processo amadurecendo suas operações, para então partirem para a busca por investidores.