A colaboração entre startups e empresas já tradicionais no mercado é um desafio a ser destravado por ambas as partes. As soluções e os percalços desse elo promissor foram debatidas em painel no segundo dia de South Summit, em Porto Alegre.
O bate-papo foi mediado por Marcio Flores, da Meta Ventures, que ouviu os insights de gestores de inovação de gigantes como iFood, Beta-i, Enel e AstraZeneca.
Um dos caminhos apontados pelos líderes é o de aproveitar eventos de porte como o próprio South Summit para aproximar os mais diversos atores do ecossistema. Os encontros são oportunidade para compartilhar desafios e parcerias, defendem.
Entre os principais desafios para o "match", Marcos Gurgel, diretor de Corporate Venture do iFood, diz que está o estágio de desenvolvimento de cada parte envolvida.
— Vivemos uma síndrome de Tinder, onde há um desalinhamento de expectativas dos dois lados, em grande parte por causa do imediatismo que alguma das partes exige — disse.
André Nunes, diretor da Beta-i, acrescenta que as grandes empresas querem resultado rápido, mas muitas vezes estão se conectando com sturtups em estágio ainda muito inicial. Para isso, diz que é necessário buscar negócios mais maduros.
— Precisa gerar impacto para as duas partes — defende.
Para Filippo Alberganti, diretor de Inovação da Enel Brasil, a política fez a sua parte com a criação do marco legal das sturtups. Agora, é papel das grandes empresas tornarem esse elo atrativo, trazendo o engajamento das startups para dentro das empresas maiores.
Mario Coria, diretor de Inovação da AstraZeneca, disse que mudar a forma de pensamento é algo muito complexo. Para começar, é importante traduzir o que estará sendo inovado, ou seja, entender o que se quer fazer, qual o problema identificado e como resolver. Uma das dificuldades nesse caminho é convencer os próprios diretores de empresas de que a inovação não se faz de um dia para o outro.
E como fazer essa conexão? Gurgel, do iFood, sintetiza em cinco passos e analogias:
- Sair da lógica do valuation
- Desarmar do tech e falar de pessoas
- Não tentar casar antes de namorar
- Não casar pensando na lua de mel ou na festa, ou seja, pensar em perenidade,
- Criar o seu próprio framework e não se apegar a atalhos ou metodologias aplicados por outros.
Do lado das empresas, Alberganti, da Enel, dirige às startups a importância de dar valor às palavras "originalidade" e "criatividade". O valor da ideia é maior que o valor digital da solução, diz, o que torna importante surpreender os clientes e o ecossistema. Coria, da AstraZeneca, acrescenta que as startups precisam entender o que a empresa faz, e que é fundamental "cocriar" em vez de só vender.
Liderança
Outro painel debateu o tema “Construindo ecossistemas empreendedores para líderes da próxima geração”. Participaram do bate-papo Pedro Valerio, CEO do Instituto Caldeira, Juan Güemes, da IE University, da Espanha, e a empreendedora e CEO da Lana Trends, Marina Sirotsky. A Lana Trends é um marketplace baseado em curadoria e personalização de roupas e acessórios para crianças.
Já o fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, participou do painel “Ouse Sonhar, Trillion Series: Experiência, negócios e liderança”. Em entrevista para GZH na última semana, o CEO da XP destacou a relevância de investimentos em inovação no ambiente digital. Ao lado dele, palestrou José Renato Hopf, fundador e CEO da 4all.