A coluna já observou que muitas empresas tradicionais fizeram questão de embarcar no South Summit ao lado de candidatos a novos negócios. Uma é a gigante centenária Gerdau, que tem berço em Porto Alegre.
Ainda antes da abertura dos trabalhos desta quinta-feira (5), a coluna conversou com Juliano Prado, vice-presidente da companhia e responsável pela Gerdau Next, que cuida de novos negócios do grupo siderúrgico. Criada em julho de 2020, já fatura R$ 1 bilhão ao ano.
— A Gerdau vem mudando muito sua forma de trabalhar em empreendedorismo para além do aço, tanto com a Gerdau Next quanto com o venture capital (capital de risco, recursos direcionados com frequência a startups). Hoje nos consideramos uma empresa ambidestra.
Ambidestra? O executivo explica:
— Nosso braço direito é o aço, que vai continuar crescendo. No outro braço, buscamos espaço para inovação e empreendedorismo em outras áreas. São negócios diferentes, com velocidades diferentes. Precisamos correr mais riscos, ainda que calculados. Podemos falhar em alguns investimentos, faz parte.
A decisão de participar da South Summit, detalha Prado, foi para reforçar o ecossistema de inovação no Estado e também "mostrar mais a cara" dessa nova área da Gerdau, que investe em construtech, proptech e logtech, como se chamam negócios que criam novas soluções nas áreas de construção civil, mercado imobiliário e logística, respectivamente.
— Queremos nos aproximar de outros investidores, startups e empreendedores, para aumentar a participação da Gerdau nesse meio no Rio Grande do Sul — afirma o executivo.
A parte tradicional da Gerdau, diz Prado, já agrega 41 startups. A empresa ainda abriu um área de venture capital com uma unidade em San Francisco, na Califórnia (EUA), perto do Vale do Silício, e outra em São Paulo, que já fez contato, em reuniões presenciais ou virtuais, com 1,6 mil startups.
Outro negócio da Gerdau Next em crescimento é a G2L, de logística, que já aparece entre as 10 maiores do Brasil e emprega 1,5 mil pessoas, com planos de duplicar esse número dentro de um ano, diz o vice-presidente:
— Deslanchou, temos 213 clientes. A frota combina veículos próprios e de terceiros, com uma torre de controle com as mais novas tecnologias disponíveis. Se o motorista acende um cigarro ou se apresenta sinais de fadiga, recebe um alerta.
A coluna quis saber que a empresa de logística já tem caminhões elétricos, Prado respondeu que já estão em teste:
— A Gerdau quer ser protagonista em sustentabilidade, sem greenwash (maquiagem verde, expressão que significa dar a impressão de ambientalmente correto ao que não é).
Mais um trimestre recorde
Logo depois da conversa da coluna com Juliano Prado, da Gerdau Next, o grupo siderúrgico detalhou seu balanço do primeiro trimestre. Só entre janeiro e março, obteve lucro líquido de R$ 2,9 bilhões, alta de 19% sobre igual período de 2021, que registrou o melhor desempenho da história da companhia.
Conforme o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, foi, desta vez, o melhor primeiro trimestre dos 120 anos do grupo, com aumento de 25% no Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ante o primeiro trimestre de 2021. Werneck também fez questão de dizer que o aço não é um dos vilões da inflação. Conforme o executivo, o peso de uma das matérias-primas cujo preço mais subiu na pandemia é de 0,01% no IPCA.