Conforme o IBGE, Porto Alegre tem uma população estimada de 1.488.252 habitantes. Já porto-alegrenses, são 1.506.827 espalhados pelo Brasil: 18.575 deles moram em outras três cidades homônimas, em Mato Grosso, Tocantins e Piauí. Nesta reportagem, você conhece a mais desenvolvida das xarás da capital gaúcha, Porto Alegre do Norte (MT).
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Um detalhe chama a atenção no site da prefeitura do município mato-grossense. No cantinho inferior esquerdo, há o ícone de um avião e as coordenadas da pista de pouso. Oficialmente, o trecho asfaltado de 1,6 quilômetro — metade da pista ampliada do aeroporto Salgado Filho — ainda busca homologação. Mas o local já é fartamente utilizado para acesso à cidade e à região, considerada a última fronteira agrícola do Mato Grosso a nordeste, para os lados do Tocantins.
Conversando com a população, compreende-se o aviãozinho. O que mais chama a atenção de quem olha de fora são as distâncias descomunais.
Para se ter uma ideia, Porto Alegre do Norte se emancipou em 1986 de Luciara. Só que Luciara fica a cerca de 250 quilômetros dali. É quase como se Santa Maria ou Passo Fundo tivessem se emancipado de Porto Alegre.
No Mato Grosso é algo normal. E o que há entre os municípios nesse território todo?
— Soja e pecuária. Pecuária e soja. É por essa imensidão de espaço que muita gente do Sul veio desbravar aqui. O pessoal estava acostumando a plantar em terras de dois, três alqueires. Aqui as fazendas têm mais ou menos uns 100 alqueires (242 hectares, mais de seis Parques da Redenção). Consequentemente, as feiras agropecuárias se tornaram também os grandes eventos de lazer — conta Rosa Dilma da Silva, coordenadora de Cultura e Turismo do município.
As longas distâncias têm outras consequências inusitadas. Porto Alegre do Norte não está no mesmo fuso horário da capital do Estado, Cuiabá. Os porto-alegrenses do Mato Grosso estão no mesmo horário dos gaúchos, uma hora à frente dos cuiabanos. A capital, inclusive, fica a 1.022 quilômetros dali. É como se Porto Alegre tivesse uma cidade do interior em São Paulo.
Em compensação, os 12.685 porto-alegrenses do norte não compartilham do famoso calor sufocante de Cuiabá. O clima é mais ameno, com dias chuvosos na casa dos 20°C (raramente menos do que isso) e veranis acima dos 30°C.
Considerando a densidade demográfica, eles também vivem muito mais folgados do que os xarás gaúchos: no mesmo quilômetro quadrado em que vivem 2,71 porto-alegrenses do norte, acomodam-se 2.837 porto-alegrenses do sul.
Embora não faltem gaúchos na região, o nome da cidade não é nenhuma referência ou homenagem à capital do Rio Grande do Sul. Porto Alegre faz referência ao rio que corta a cidade, o Tapirapé. São índios da etnia de mesmo nome que começaram o povoado de origem do município. Além dele, outro ponto de lazer e ecoturismo é a Prainha do Mel, na costa do Rio Xavantinho. Isso quando ela não está coberta pelas cheias do inverno, época em que a chuva traz outros dissabores.
— Nosso principal problema é infraestrutura. O fato de a BR-158 não ser asfaltada aqui significa muito barro na época da chuva e poeira no verão. Mas fora isso é uma cidade bem cuidadinha e hospitaleira. Nos falta um CTG, mas dá para ir no de Vila Rica — aconselha Rosa.
Vila Rica fica a um pulinho dali, a 133 quilômetros de distância.
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