Conforme o IBGE, Porto Alegre tem uma população estimada de 1.488.252 habitantes. Já porto-alegrenses, são 1.506.827 espalhados pelo Brasil: 18.575 deles moram em outras três cidades homônimas, em Mato Grosso, Tocantins e Piauí. Nesta reportagem, você conhece a caçula entre as xarás da capital gaúcha, a Porto Alegre do Piauí.
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O município parece ser, antes de mais nada, um lugar de gente ocupada. GZH tentou insistentemente contato com a prefeitura local por dois dias, mas não conseguiu ser atendida em meio à atribulada agenda dos governantes da cidade às margens do Rio Parnaíba, que divide o Piauí do Maranhão.
Após alguns apelos nas redes sociais aos moradores, quem fez as honras foi o pedagogo, funcionário público e digital influencer Brenno Héllyo, 25 anos. Ele tem 1.606 seguidores, pouco mais do que a metade da população local, de 2.720 habitantes.
— Sou formado pela federal do Piauí e trabalho na biblioteca. Digital influencer é mais molequera minha, por hobby e diversão. Aqui é um município muito pequeno, então eu sofro algumas críticas. Tem gente que acha feio eu ficar filmando — explica.
Em território, Porto Alegre do Piauí não é nada pequena. Aliás, tem mais que o dobro da capital gaúcha. Pequena é sua área urbana: do Cais do Porto até o posto de gasolina na entrada do município, a distância é de 1,3 quilômetro, sendo possível cruzar a cidade a pé em 15 minutos. Seria como ir da reitoria da UFRGS até o Hospital de Pronto Socorro pela Osvaldo Aranha.
— É uma cidade em que todo mundo se conhece e acontece pouca coisa. Cada morte ou nascimento é um evento. Para você ter uma ideia, de covid morreram cinco pessoas. Fazia tempo que não tínhamos nenhum caso, até que outro dia adoeceu mais um — conta Brenno.
Além de pequena, Porto Alegre do Piauí é jovem. Enquanto Porto Alegre está prestes a completar 250 anos, a piauiense tem 25.
A emancipação, aliás, se deu de forma curiosa. O vilarejo em torno do cais foi alagado pelo Parnaíba para a construção de uma barragem. Os moradores dali tiveram de recuar alguns quilômetros para dentro do território, e o preço de reconstruírem a cidade foi a emancipação do município de Antônio Almeida.
— Acabou sendo uma coisa boa, porque vieram recursos. É uma das poucas cidades do Piauí que tem 100% de asfalto e de saneamento básico na área urbana. E na organização do município foram feitos concursos que empregaram o povo que já morava aqui — relata Brenno.
Para serviços de saúde de complexidade, compras e mais opções de lazer, os porto-alegrenses do Piauí recorrem a Floriano, distante 150 quilômetros. A capital do Estado, Teresina, fica a 400 quilômetros.
O nome Porto Alegre é anterior à emancipação e faria alusão à folia dos sanfoneiros para chamar a atenção para o comércio no porto. Depois da reconstrução, a região portuária recebeu boa infraestrutura e ficou ainda mais propensa a receber festejos regionais, como os do padroeiro Bom Jesus da Lapa, que começaram nessa semana e vão até agosto.
— Em pandemia estão acontecendo apenas as missas, mas é a melhor época para visitar Porto Alegre. Temos as melhores festas juninas da região — ressalta Brenno, como bom influencer.
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