Conforme o IBGE, Porto Alegre tem uma população estimada de 1.488.252 habitantes. Já porto-alegrenses, são 1.506.827 espalhados pelo Brasil: 18.575 deles moram em outras três cidades homônimas, em Mato Grosso, Tocantins e Piauí. Nesta reportagem, você conhece a curiosa história familiar de Porto Alegre do Tocantins.
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Se o município tivesse sido batizado com o nome do povoado que lhe deu origem, essa matéria não estaria sendo escrita. Em vez de xará da capital do Rio Grande do Sul, a cidade tocantinense de 3.170 habitantes se chamaria Porto da Velha Raimunda.
Embora não fosse dos mais bonitos, seria um nome mais ligado à história familiar que se mistura à do lugar. Tudo começou com o casamento entre Raimunda e Gabriel Cardoso.
Até hoje, a moradia de barro do casal está conservada à beira do Rio Manuel Alves, importante hidrovia que liga as regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Raimunda e Gabriel viviam do rio. Ela era a dona das terras onde ficava o porto, e o marido transportava passageiros pelo Manuel Alves até a Bahia. Porto da Velha Raimunda era o nome mais literal possível.
— Uma das filhas da Vó Raimunda teve 13 filhos. Entre eles o meu avô, Francisco Araújo. Foi ele o fundador da cidade — conta Eligesy Araújo, hoje diretor do sindicato rural de Palmas e estudante de Direito, mais conhecido como Ely.
A fundação do município se deu primeiramente com a inauguração de um colégio estadual, mas contou com as boas relações de Francisco com os políticos locais, amaciadas pela rapadura e pela cachaça que ele mesmo produzia. Em 1988, duas décadas depois de ter governado o município de Almas, Francisco negociou com o governo de Goiás: as terras da família à beira do rio passariam ao Estado em troca de emancipar a região de Almas.
O acerto foi com Goiás, mas quem levou foi Tocantins. Os tramites da emancipação terminaram mais ou menos na época da fundação do Estado, bem a tempo de Porto da Velha Raimunda homenagear a nova unidade federativa do nome, formando Porto Alegre do Tocantins. Francisco, então, governou a cidade duas vezes, a última entre 1997 e 2000.
A economia local desde sempre gira em torno da fruticultura. Em média, 20 caminhões por dia de bananas deixam o município para serem distribuídos na região. Além de maior produtora de banana prata do Tocantins, o coco e a manga também se destacam.
— Mas são culturas que necessitam mais de trabalho braçal, então o pessoal acaba migrando da cidade em busca de estudo. Isso afeta a estrutura. Não tem nenhum banco, por exemplo. Tem dois postos de gasolina, e um está desativado — diz Ely.
A cidade se socorre da proximidade com Dianópolis, a 28 quilômetros. Em 2012, a morte de Francisco Araújo causou comoção. Foi enterrado sob a praça que ele construiu e batizou em homenagem ao avô. Com mais de seis hectares, a Praça Gabriel Cardoso é o principal ponto turístico e um símbolo da inventividade do fundador, que aparece até no nome do neto:
— Foi ele quem me batizou de Eligesy. É a mistura da minha mãe Eliene e do meu pai Gesílio.
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