Na tarde desta quinta-feira (4), 12 animais silvestres foram reinseridos na natureza pelo Zoológico Municipal de Canoas, na Região Metropolitana. Eles foram tratados e recuperados pela equipe de profissionais do local, aprenderam a se alimentar adequadamente e a se manter, e agora foram reintroduzidos ao seu habitat natural. Os animais foram soltos em uma área pública em Nova Santa Rita e na Fazenda Guajuviras, em Canoas.
Os animais reinseridos são um cágado-de-barbelas, três tartarugas-tigre-d’água brasileiras, uma ave sanhaçu-cinzento, uma polícia-inglesa-do-sul, uma corujinha-do-mato, dois falcões quiri-quiris, duas pombas-de-bando e uma pombinha juriti-pupu.
Dos animais que foram reinseridos nesta quinta, a médica veterinária e uma das responsáveis técnicas do zoo, Maria Isabel Seabra da Rocha, destaca o caso dos dois falcões, que chegaram ainda filhotes ao local, abatidos. Eles foram tratados, alimentados e receberam treinamentos para reforçar a musculatura e poderem voltar à natureza. Já a corujinha-do-mato foi encontrada depois de colidir em um vidro, recolhida e levada ao zoo, lembra a veterinária.
Outros chegaram após terem sofrido agressões, casos conhecidos como conflito de fauna, em que animais silvestres adentraram o espaço urbano.
— Nós recebemos muitos casos de animais, principalmente de pombas e gambás de orelha branca, que chegam aqui machucados, muitas vezes até por grupos de crianças. Isso acontece por falta de conhecimento das pessoas, que confundem o gambá com rato, por exemplo. E ele é um animal muito importante, que come carrapatos. Mas além dessa falta de conhecimento, tem também a questão do respeito aos animais e a natureza — explica.
Um dos casos emblemáticos do zoológico é o de um gambá, que acabou tendo traumas pelo corpo e ficou cego:
— Ele foi agredido por um grupo de crianças, que batiam nele com paus e pedras. Esse é um caso de um animal que vai ficar sempre no zoo, assim como vários outros que temos, porque não têm condições de serem colocado na natureza novamente. E nós mostramos ele inclusive para que as pessoas se conscientizem.
Aberto oficialmente em 2005, o zoo começou com 30 animais residentes e hoje, entre aves, mamíferos e repteis, tem 110 no plantel (que ficam em exposição) e cerca de 150 a 200 no setor Extra (onde ficam os animais resgatados que estão sendo tratados).
Com o tempo, o zoológico se tornou conhecido devido ao trabalho desenvolvido na reabilitação de animais silvestres. Além disso, o grupo atua na conscientização da população para a educação ambiental.
As visitas ao zoológico são gratuitas e não precisam ser agendadas com antecedência. Durante o período de pandemia, é obrigatório o uso de máscara. Para evitar aglomerações, o limite é de 50 pessoas no local. O funcionamento é de terça a domingo, das 9h às 17h.
Quatro animais novos foram apresentados à população
Também nesta quinta, quatro novos integrantes do zoo foram apresentados à população: uma capivara, uma lontra, um gato-do-mato e um graxaim. Recém chegados ao espaço, eles vêm recebendo tratamento e cuidados da equipe.
A capivara, explica Maria Isabel, é filhote e foi encontrada em uma casa, onde era alimentada com ração de cachorro, que não é adequado ao animal. Agora, ela passa por uma reabilitação para que aprenda a comer pasto e folhas.
Já a lontra tem cerca de seis meses e veio do Rio de Janeiro há dois meses, após resgate feito pelo Ibama.
— Ela é a estrela, na minha opinião, do nosso zoo. É linda e muito fofa. O gato-do-mato também atrai muitos olhares. Tem cerca de 90 dias, mas age como um super leão quando nos aproximamos, fazendo tudo que é tipo de barulho. É uma adaptação. O nosso trabalho aqui é tentar transformar todos os dias deles em dias especiais — resume.
Após reforma, visitantes poderão acompanhar preparo de refeições dos animais
Após ser reformado, o setor de nutrição do zoológico foi entregue, nesta quinta, de forma simbólica pela Secretaria do Meio Ambiente de Canoas. Uma das melhorias no espaço foi a instalação de uma janela do tipo vitrine, para que os visitantes possam observar o preparo dos pratos que são servidos diariamente aos animais, duas vezes ao dia (de manhã e à tarde), seguindo dietas específicas.
Para a secretaria, a "vitrine" é uma maneira de sensibilizar crianças e adultos sobre a importância da boa alimentação e do cuidado com os animais.
Houve ainda o lançamento das obras do setor extra, responsável por tratar os animais resgatados. A reforma do setor é uma condicionante da autorização de Uso e Manejo de Fauna Silvestre, expedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA), em setembro de 2020 — o documento licencia o zoológico de Canoas na categoria de Jardim Zoológico.
Mais obras
Foi acordado ainda que serão construídos cinco novos recintos em substituição aos atuais que estão em condições precárias e foram construídos há mais de 10 anos, de acordo com a prefeitura de Canoas.
"Os novos recintos são versáteis, pois podem abrigar desde espécies de mamíferos, quanto de aves e répteis, dentro das normas exigidas e de tamanho adequado. Os recintos terão corredor de segurança, área de cambiamento, espelho d'água, solarium e revestimento de fácil higienização", afirmou a prefeitura em material divulgado.
Outra obra exigida é a construção de um novo cercamento da área do zoológico e o afastamento das churrasqueiras que ficam perto do local. Essas obras irão proporcionar maior segurança e bem estar aos animais abrigados no zoo, e também irá contemplar um novo pórtico de entrada, afirma a prefeitura.