Enquanto muitos estabelecimentos sucumbiram à crise imposta pela pandemia de coronavírus, Alessandro Sias, 34 anos, aproveitou o distanciamento social para transformar seu bar em um ponto 24 horas. Proprietário do Mambembe Brew Place, na Cidade Baixa, ele instalou no local um equipamento que permite aos clientes comprarem e servirem-se de cerveja artesanal a qualquer momento, sem intermediários.
Na verdade, nem sequer é necessário entrar no bar, localizado na Rua General Lima e Silva, para sair com cerveja. Um equipamento instalado no local deixou quatro torneiras voltadas para a parte externa. Depois de comprar créditos através de um aplicativo, basta seguir as instruções para encher o copo ou reabastecer o growler (garrafão de vidro utilizado para envasar cerveja artesanal) por conta própria.
— No começo, pensei que (o distanciamento social) seria rápido, uma semana, 10 dias. Quando vi que ia ficar bastante tempo, fiquei meio apavorado. E, no desespero, a gente começa a ter ideias — conta Alessandro.
Inaugurado em setembro passado, o bar foi um desdobramento do negócio itinerante que toca ao lado da companheira, Luizane Santos. Os dois trabalhavam com um beer truck em feiras e eventos de Porto Alegre. Aposta para ampliar a atividade, o ponto físico salvou o casal da falência depois da suspensão dos eventos de rua.
Além do “growler station”, o local passou a trabalhar com as modalidades de delivery e take away. Segundo o empreendedor, o self service foi inspirado em modelos semelhantes adotados em bares de cerveja artesanal, onde o cliente coloca créditos em um cartão. A compra é feita a cada 100ml, com valores que partem de R$ 2,70 a R$ 4,50. Para servir, é possível utilizar o copo liberado por um dispensador ou levar o próprio recipiente de casa.
Inicialmente, o bar optou por disponibilizar apenas quatro estilos de chope na modalidade _ dentro da loja, há mais de 20 tipos diferentes. Além de um tutorial anexado junto à máquina, o app Tapster orienta o passo a passo para usar o equipamento, que foi adaptado para amadores: libera menos espuma que as torneiras operadas pelos funcionários na hora de tirar a cerveja.
— No começo foi um pouco estranho, porque as pessoas dizem que não sabem, mas depois acham super fácil, ficam felizes. É muito difícil alguém servir e espumar — conta.
Desenvolvida por alguns amigos, a tecnologia não teve custo inicial. Para pagar pelo equipamento, Alessandro destina um percentual das vendas aos desenvolvedores.
A avaliação dos primeiros meses é positiva. Segundo o dono do bar, clientes que antes iam buscar cerveja no local "sumiram" depois de experimentar o self service, o que, na sua avaliação, indica que aderiram à modalidade. Além disso, o monitoramento do aplicativo mostra que há movimento nos horários em que o estabelecimento está fechado. Os principais beneficiados são os vizinhos mais próximos.
— No local onde estamos instalados também tem um prédio residencial. Tem moradores que descem e pegam de madrugada, quando acaba a cerveja em casa — diz.