Presidente da comissão instalada na Câmara de Porto Alegre para avaliar o pedido impeachment do prefeito Nelson Marchezan, o vereador Hamilton Sossmeier diz que "evidentemente" o processo de afastamento impacta no período eleitoral e que por isso deve ser finalizado antes do primeiro turno, marcado para 15 de novembro.
— Há um impacto (do impeachment nas eleições) porque, por um lado, têm os candidatos que vêm aí e, por outro, tem o processo em andamento. Acredito que (o processo de impeachment) termine antes da eleição. Agora, o processo de impeachment, evidentemente, dentro do período eleitoral, gera impacto — disse.
Em entrevista a GaúchaZH, ele reconhece o desgaste político do chefe do Executivo, mas garante que esse cenário não vai interferir na comissão.
— Mesmo que possa ter um desgaste político no momento, é uma questão natural, isso não vai interferir na comissão. A comissão não pode olhar o desgaste político. A comissão tem que analisar os fatos pelos fatos — avaliou Sossmeier.
Na próxima segunda-feira (10), o presidente da comissão notificará o prefeito para que apresente a defesa prévia. São 10 dias para que Marchezan responda à Câmara. A partir da notificação, conta o prazo geral de 90 dias para conclusão do processo de impeachment, seja com arquivamento, seja com a cassação do prefeito.
Confira a íntegra da entrevista
Quais os próximos passos da comissão? Quando o prefeito será notificado?
O primeiro passo será a notificação do sr. prefeito, na segunda-feira, em que ele tem 10 dias para fazer a sua defesa prévia. A gente não definiu ainda as datas das reuniões da comissão. Vamos começar na semana que vem.
A denúncia contra o prefeito é consistente ou frágil?
Com relação às denúncias, a gente não se debruçou ainda. Apenas fizemos uma declaração conjunta de votos (em relação à aceitação de abertura processo de impeachment) para dar uma resposta à sociedade, porque a Câmara é responsável por fiscalizar as ações do Executivo. Outro ponto é que tem todo o contraditório para o prefeito fazer. Eu não vou emitir minha opinião, até porque a gente não começou a analisar todos os documentos. A gente vai analisar e dar o amplo direito do prefeito fazer suas manifestações. A gente não emite agora opinião com relação ao que está certo e errado. A gente vai ver no decorrer do processo.
Um processo de impeachment tem a análise técnica, mas também a avaliação política. Politicamente, como o sr. vê a situação do prefeito?
Que existe um desgaste político (do prefeito Marchezan), existe. Mas tudo que é desgaste dá para consertar, desde que as pessoas queiram se entender, queiram conversar. Porque quando se fala em política, se fala em pessoas, não é? Tanto é que há pessoas que mudam de partido, de pensamento, de ideologias. Mesmo que possa ter um desgaste político no momento, é uma questão natural, isso não vai interferir na comissão. A comissão não pode olhar o desgaste político. A comissão tem que analisar os fatos pelos fatos. Não é pela questão motivacional de partido A, partido B, partido C. A análise tem que ser feita dentro dos critérios técnicos e, no eu modo de pensar, também humano.
O senhor acredita que o encaminhamento do impeachment interfere no tratamento da pandemia?
Na minha óptica, não interfere. O que o processo de impeachment deixa é uma sensação de instabilidade. As pessoas ficam mais inseguras, é algo natural de qualquer instabilidade de governo. Agora, que interfere na questão da pandemia, isso não. É uma questão isolada, embora haja apreensão de algumas pessoas.
Passada a notificação são 90 dias para que o processo se conclua. Hoje é dia 7 de agosto. As eleições em 15 de novembro. Que impacto o sr. imagina que o processo de impeachment terá no ambiente eleitoral?
Nessa questão, sim, há um impacto porque, por um lado, tem os candidatos que vêm aí e, por outro, tem o processo em andamento. Acredito que (o processo de impeachment) termine antes da eleição. Agora, o processo de impeachment, evidentemente, dentro do período eleitoral, gera impacto.
Cabe ao senhor, presidente da comissão, a condução dos trabalhos. O sr. entende que é melhor concluir a análise do impeachment o quanto antes, em 30 ou 40 dias, por exemplo? Ou é melhor concluir ao final do prazo de 90 dias?
Eu acredito que se o processo terminar antes é melhor para a sociedade, para a Câmara, para todos os envolvidos. Mas não vamos atropelar nada, vamos trabalhar dentro do prazo, ouvindo as pessoas que têm que ser ouvidas