
As 24 horas que sucederam a abertura do processo de impeachment contra Nelson Marchezan foram movimentadas para o prefeito da Capital. Ele falou sobre o assunto em mais de uma ocasião, mas gastou a maior parte do tempo com uma agenda alheia a isso, envolvendo, principalmente, decisões em torno da pandemia de covid-19.
Com secretários e membros do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, Marchezan definiu os parâmetros para a abertura do comércio de sexta-feira (7) até o domingo (9) de Dia dos Pais. O decreto detalhando essas liberações foi publicado nesta quinta-feira (6).
Ele também teve uma reunião online com Eduardo Leite para alinhar as restrições estipuladas pelos governos estadual e municipal — que não havia sido realizada na última semana em razão do diagnóstico de coronavírus do governador.
O prefeito se manifestou pela primeira vez sobre a abertura do processo de impeachment ainda na noite de quarta-feira (5), depois da votação. Ele divulgou um vídeo listando "os reais motivos" para o movimento, na sua avaliação:
— Não é por causa dos nossos muitos erros. Esse (processo de) impeachment é por causa dos nossos poucos acertos e poucos méritos. É uma antecipação da eleição — afirmou.
O prefeito passou a manhã desta quinta-feira pendurado no telefone. Ainda antes do meio-dia, participou da entrega dos 98 ônibus novos da frota da Carris, na Orla do Guaíba. Com um look informal — calça jeans e camisa para fora da calça —, ele manteve uma expressão tranquila durante toda a solenidade. Marchezan, que é pré-candidato à reeleição ao Paço Municipal, cumprimentou agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) que orientavam o trânsito e funcionários que trabalhavam na limpeza dos ônibus. Em um momento, um condutor que passava pela Edvaldo Pereira Paiva parou para gritar: “Ninguém vai te tirar”. O prefeito respondeu, agradecendo.
Em depoimento a GaúchaZH, durante a solenidade de entrega, o gestor municipal disse que tudo o que tira a união dos porto-alegrenses atrapalha, e comparou a decisão dos vereadores à declaração recente do prefeito da cidade catarinense de Itajaí, que sugeriu a aplicação de ozônio via retal para o tratamento do coronavírus:
— Ao tentar politizar, partidarizar e tentar tirar o foco do debate do que interessa, a gente acaba quase que ficando patético que nem o prefeito que sugeriu a alternativa do ozônio.
Líder do governo na Câmara, Mauro Pinheiro falou por telefone com o prefeito na noite de quarta e trocou algumas mensagens ao longo da quinta-feira. Eles compartilharam informações de bastidores, detalhes sobre o trâmite do processo e têm se organizado para o embate na Câmara.
— É notório que é um processo político, mas o prefeito está confiante. As três questões que eles trouxeram (os vereadores favoráveis ao impeachment) são de fácil explicação — diz Pinheiro.
Ao todo, 31 vereadores votaram a favor e quatro foram contrários à abertura do processo.





