Localizada no encontro da Avenida Alberto Bins com a Rua Doutor Flores, a Praça Otávio Rocha voltou a ser alvo de edital da Prefeitura de Porto Alegre. O espaço começou a ser revitalizado neste ano por uma empresa, que acabou desistindo da conclusão por atos de vandalismo. Agora, a Secretaria Municipal de Parcerias recebe novamente projetos para adoção do local até o dia 3 de dezembro.
— É uma luta, mas nós vamos ganhar. Como já ganhamos outros espaços de volta — avaliou a situação Ana Pellini, secretária da pasta responsável pela iniciativa.
Para atrair interessados em continuar o trabalho de revitalização, conservação e manutenção do espaço, a prefeitura flexibilizou a contrapartida. O chamamento público para a adoção da praça envolve uma cafeteria e o seu entorno. No entanto, com relação a esse entorno, o adotante poderá prever um projeto apenas para parte dele, como a recuperação do paisagismo, da pavimentação do local, dos equipamentos dos recantos infantis ou do monumento com o busto de Otávio Rocha. Desde que o orçamento previsto seja de aproximadamente R$ 4 mil por mês, valor estipulado pela prefeitura como um aluguel fictício do espaço. O que a empresa não realizar, acrescentou a secretária, a prefeitura se encarregará de fazê-lo.
A avaliação e escolha da proposta vencedora ficará a cargo de uma comissão julgadora composta por representantes de órgãos municipais. Vence o projeto que mais envolver iniciativas no espaço. E, como contrapartida aos serviços e bens oferecidos, poderá ser inserida a identificação do adotante na área.
Dificuldades no local
Criada na década de 1930, a Praça Otávio Rocha fez parte do projeto de modernização do Centro Histórico de Porto Alegre. Depois da conclusão das obras, a região recebeu novos investimentos, como a loja da Renner e o Hotel Carraro.
Mas a cafeteria dentro da praça só foi instalada pela primeira vez em 2013. Na época, a ideia da prefeitura era incentivar o fluxo de pessoas para combater o abandono do local. A praça, então, recebeu novo mobiliário e nova pintura, além de melhorias no piso, e a cafeteria foi inaugurada.
Anos depois, o espaço voltou a ser alvo de vandalismo. As aberturas foram fechadas com tijolos em agosto de 2019 pela então Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams). Essa foi a solução encontrada pela prefeitura para impedir novos arrombamentos e depredações, algo que acontecia com frequência no local desde que o último permissionário deixara o café.
Em 2023, o local voltou a receber um projeto de revitalização de uma empresa privada. A iniciativa era da incorporadora Infinita, que havia adotado a área como parte da reforma do hotel Plazinha, reaberto na Rua Senhor dos Passos. O projeto contemplava também a restauração da cafeteria.
A reforma completa iria custar R$ 500 mil. No entanto, a incorporadora desistiu de terminar a revitalização. Segundo explicou o CEO Diego Antunes à colunista Giane Guerra, por motivos pessoais e atos de vandalismo no local.
— Chegamos a passar duas camadas de tinta na praça, mas no dia seguinte já tinha gente sujando e até defecando. Também trocamos as pedras do piso histórico — disse Antunes.
Não houve multa pelo rompimento do contrato.
Atualmente, o entorno da praça segue aparentando ter sido recém-pintado. No jardim, no entanto, falta vegetação. Dentro do café, há marcas de infiltração.
Como participar
Até o dia 3 de dezembro, às 18h, cidadãos, empresas ou organização da sociedade civil poderão apresentar um projeto para o espaço. O trabalho e a documentação prevista em edital devem ser enviados para o e-mail apoiepoa@portoalegre.rs.gov.br. No assunto do e-mail, a prefeitura pede que identifique como "Proposta de Adoção da estrutura existente (café) na Praça Otávio Rocha, localizada na Av. Otávio Rocha, bairro Centro Histórico, com vistas a sua revitalização, manutenção, conservação e paisagismo".
Os papéis também podem ser entregues fisicamente na rua General João Manoel, nº 157, 13° andar, sala 1302, Centro Histórico, na Secretaria Municipal de Parcerias.