A terça-feira (4) foi de expectativa, em Porto Alegre, sobre definição de eventual retomada de atividades econômicas em meio à pandemia de coronavírus. A prefeitura e lideranças empresariais seguem debruçadas sobre o tema, buscando costurar saídas para o recomeço de negócios.
Durante a tarde, entidades patronais aguardavam nova reunião com o prefeito Nelson Marchezan. Contudo, o encontro não aconteceu. A assessoria de Marchezan não informou uma nova data para a reunião. À noite, ele se reuniu com profissionais da saúde para ouvir opiniões sobre medidas de reabertura.
Diante das perdas causadas pela covid-19, empresários tentam sensibilizar a prefeitura a liberar atividades diversas. Marchezan, entretanto, chegou a descartar durante a manhã, em entrevista à Rádio Gaúcha, a permissão para reabertura geral dos negócios.
Na segunda-feira (3), a prefeitura apresentou proposta de retomada com calendário definido. A ideia seria iniciar a reabertura por construção civil e indústria, setores que teriam menor impacto na circulação de pessoas. Depois, outras atividades poderiam voltar ao trabalho de forma escalonada a cada semana. Segundo o projeto, após 15 dias de liberação, haveria uma semana com empresas paralisadas.
— A ideia é dar previsibilidade e buscar garantias de que a gente não vai ter de fechar tudo. Esse é um abre e fecha previsível, programado, e o empresário pode saber em que semana ele vai fechar. (...) Abrir tudo de uma vez não dá, porque o resultado vai ser fechar tudo por muito tempo — disse Marchezan, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
A ideia de promover intervalos de suspensão de atividades encontra resistência entre empresários. Esse seria o principal entrave para o avanço da proposta da prefeitura. Dirigentes de entidades buscam encontrar alternativas para evitar o fechamento momentâneo dos negócios.
— Estamos discutindo tudo para que as empresas possam reabrir com segurança — relata Aquiles Dal Molin Júnior, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS).
Na segunda-feira, após reunião com a prefeitura, empresários construíram nova proposta de retomada. A ideia seria flexibilizar operações de setores diversos, a partir desta semana, sem interrupções a cada 15 dias. Um dos ramos mais abalados pela crise, o comércio funcionaria, de segunda-feira a sábado, a partir da próxima sexta-feira (7). Assim, varejistas tentariam escoar parte dos estoques de produtos para o Dia dos Pais. Já o comércio em shoppings e galerias funcionaria de segunda a segunda, com limite de circulação de pessoas em lojas maiores.
Pela proposta empresarial, a prefeitura e as entidades envolvidas avaliariam no dia 24 de agosto o processo de reabertura e seus impactos. Se houvesse melhora nos indicadores da área de saúde, as liberações avançariam. Em caso de piora no quadro da pandemia, novas restrições seriam adotadas em 48 horas.
Nesta terça-feira, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre alcançaram a taxa de 90,4% de ocupação — o indicador contempla outras doenças além da covid-19. Enquanto isso, o município amarga os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia. Conforme dados do Ministério da Economia, a Capital fechou 24,3 mil empregos com carteira assinada de março a junho.
Entenda as propostas
Tanto a prefeitura quanto entidades empresariais lançaram na segunda-feira propostas de retomada de atividades econômicas. Confira resumo dos projetos.
Proposta da prefeitura
- Define calendário para a reabertura dos negócios. A volta começaria por construção
- civil e indústria, setores que teriam menor impacto direto na circulação de pessoas
- Depois, outras atividades poderiam reabrir de forma escalonada. A cada 15 dias de liberações, haveria uma semana com todas as atividades fechadas
- A paralisação das operações, entretanto, encontra resistência entre empresários
Proposta de entidades
- A ideia seria flexibilizar operações de setores diversos, sem interrupções a cada 15 dias. Entre as medidas de segurança, está a definição de horários reduzidos para as atividades
- Construção civil e indústrias poderiam voltar a trabalhar de segunda a sexta, a partir de quinta-feira (6). O comércio em geral retomaria atividades das 9h às 16h, de segunda a sábado, a partir de sexta-feira (7). Restaurantes, lanchonetes e bares operariam das 11h às 20h, de segunda a segunda, a partir de sábado (8).