A negociação com empresários para tratar da reabertura de atividades econômicas em Porto Alegre seguirá ao longo desta terça-feira (4), possivelmente com horas de debate entre as áreas envolvidas. De um lado, entidades pedem a flexibilização de todas as atividades; do outro, a prefeitura propõe cautela, tentando evitar uma aceleração do contágio por coronavírus, como ocorreu no mês passado.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o prefeito Nelson Marchezan descartou que a cidade reabra todas as atividades de uma única vez. A proposta da prefeitura prevê a retomada de novos setores a cada semana, com um fechamento quase total a cada 15 dias.
Marchezan disse entender a angústia de empresários, mas afirmou que a prefeitura busca "inovar" em relação às medidas adotadas até agora:
— O "abre e fecha" é uma inovação em relação ao que estávamos fazendo antes, que funcionou, mas levava muito tempo. As entidades disseram que demorava muito tempo para saber quando iriam funcionar. Então a ideia é dar previsibilidade e buscar garantias de que a gente não vai ter que fechar tudo. Esse é um “abre e fecha” previsível, programado, e o empresário pode saber em que semana ele vai fechar. (...) Abrir tudo de uma vez não dá, porque o resultado vai ser fechar tudo por muito tempo — disse.
Segundo Marchezan, não existe nenhum país que tenha saído de uma restrição total para uma liberação geral. O prefeito diz que, se esta medida fosse tomada, a Capital teria uma aceleração na demanda por leitos de UTI — nesta manhã, são 313 pacientes com confirmação de covid-19 em leitos de terapia intensiva da cidade, além de 45 casos suspeitos.
— Não há uma proposta que agrade a todos. Abrir todas as atividades ao mesmo tempo vai fazer com que, em 15 ou 20 dias, por hospitais lotados, a gente tenha que fechar as atividades por mais 30 dias. Então a reabertura, com uma semana de intervalos, ocorre para dar um freio na contaminação. Com duas semanas trabalhando, tendo algum faturamento, a gente entende que não é o adequado, mas é um bom caminho.
Para a semana que vem, o prefeito sinalizou com a reabertura da indústria e da construção civil, além do pequeno comércio e de restaurantes, no horário do meio-dia. O Mercado Público poderia abrir em "uma ou duas semanas".
Outra possibilidade considerada é manter determinadas atividades abertas durante as semanas programadas de restrição total, como construção civil, indústrias e até restaurantes.
— Mas a semana de restrição deve ter, dentro desta proposta, restrições combinadas entre os setores para que a gente incentive muitas pessoas a ficarem em casa, a ponto de essa freada na circulação possibilitar que a gente continue abrindo cada vez mais setores, e mais rápido. Se esse é um fator limitante para os empresários, a outra alternativa é abrir menos setores de forma mais lenta.
Marchezan disse esperar "bater o martelo" sobre as novas medidas na tarde desta terça. Enquanto isso, empresários já construíram uma nova proposta, que serão apresentadas à prefeitura.