Uma nova proposta foi construída pelos empresários após os pontos apresentados por Nelson Marchezan Junior em reunião de três horas à tarde passada. As entidades prepararam o material em encontro feito à noite passada. Conforme o texto que a coluna teve acesso e que já foi enviado ao prefeito, ideias colocadas por Marchezan foram consideradas e houve diversas alterações em relação à carta divulgada e enviada ainda no domingo (3) ao prefeito. Em especial, em relação aos horários de funcionamento propostos e que o prefeito pediu que as reduções fossem mais "impactantes".
Ainda na reunião de ontem, o prefeito falou em adotar uma semana de lockdown a cada 15 dias. Nas duas semanas que ficariam no meio desses intervalos, atividades econômicas seriam liberadas, conforme critérios que apontem a circulação. Segundo Marchezan, a autorização de funcionamento seria progressiva conforme indicadores de saúde sinalizassem isso. Em entrevista após a reunião, o prefeito chegou a dizer que algumas atividades poderiam ter retomada já na semana que vem.
Há entre empresários e outros setores da sociedade, no entanto, um receio de que não se teria sucesso em um lockdown em Porto Alegre por incapacidade de fazê-lo ser cumprido. Então, essa parte proposta apresentada pelo prefeito dificilmente receberia o apoio das entidades, que espera uma nova reunião com Marchezan ainda para esta terça-feira (4).
Uma grande expectativa é de que alguma flexibilização para o comércio possa ocorrer ainda no final de semana. Os lojistas querem vender ao menos parte do estoque de produtos para o Dia dos Pais, uma das principais datas do ano para o setor, que já sofreu com Páscoa e Dia das Mães. Mas pelas datas que os empresários colocaram na proposta, eles querem a flexibilização antes do que o prefeito sinalizou na reunião.
No final do texto (que está abaixo, na íntegra), os empresas sugerem uma avaliação das medidas em 24 de agosto. No caso de melhora dos indicadores de saúde, haveria um avanço das liberações. Se piorarem, novas restrições seriam adotadas em 48 horas, é o que propõem as entidades empresariais.
Veja a nova proposta na íntegra:
"PROPOSTA DAS ENTIDADES
Construção civil e indústrias
Liberação das atividades iniciando em 06/08/2020 com horário proposto para das 07 horas às 17 horas de segunda a sexta feira, paralisando nos sábados e domingos.
Serviços em geral
Liberação das atividades iniciando em 10/08/2020 com horário proposta das 10 horas às 15 horas de segunda a sexta, paralisando nos sábados e domingos.
Restaurantes, lanchonetes bares e similares
Liberação das atividades operando das 11 horas às 20 horas, máximo, de segunda a segunda, a partir de 08/08/2020.
Comércio em geral
Liberação do comércio em geral, com acesso próprio, operando das 9 horas às 16 horas de segunda a sábado, paralisando nos domingos, a partir de 07/08/2020.
Comércio em shoppings center e galerias comerciais
Liberação operando das 12 horas às 20 horas de segunda a segunda, a partir de 07/08/2020.
Observação: O comércio em lojas maiores de 500 m² será obrigatório o controle de fluxo e acesso a loja, limitado a um cliente para cada 25 m² da área de venda.
OBSERVAÇÕES GERAIS
As Instituições de Ensino (Educação Infantil, Educação Básica, Ensino Superior, Curso Técnicos e Cursos Livres) atenderão protocolos exigidos pelo Governo do Estado, com plano de contingência próprio, somado ao fato da bandeira ser amarela ou laranja, possibilitando a volta as aulas, para estas instituições que desejarem, a partir da avaliação do dia 24 de agosto de 2020.
As atividades essenciais permanecem atendendo conforme a atual normativa.
Serão liberados os estacionamentos na sua capacidade total.
Nos restaurantes, lanchonetes e similares também continuarão atendendo as regras apresentadas de distanciamento de mesas.
Nas empresas de serviços também continuam suas atividades com no máximo de 50 % dos funcionários. Os plantões imobiliários permanecem operando nos sábados e domingos.
Fica definido que no dia 24 de agosto, segunda feira, que a PMPA e as Entidades farão uma avaliação destas medidas tomadas e os seus reflexos.
Caso não ocorra uma variação significativa no uso dos leitos e número de óbitos as atividades, poderão ser ampliadas, com ajustes de horários e dias.
Caso o Município apresente uma condição negativa, em 48 horas serão tomadas medidas restritivas.
Porto Alegre, 03/08/2020"
Negociações complexas
A reunião de ontem foi difícil e tensa. São quatro meses de atividades econômicas restritas e muitas praticamente paradas. Ao mesmo tempo, não há ainda previsão de quando a pandemia do coronavírus acabará. A liberação do futebol na última sexta em Porto Alegre, mesmo que não citada pelos empresários nas reivindicações, foi o gatilho para as manifestações mais incisivas de quem esperava medidas da prefeitura. Para o encontro de ontem, foi enviado o convite para as 22 entidades que assinaram a carta do final de semana. Entidades empresariais estão lamentando o vazamento do áudio de parte do encontro, dizendo que não ajuda em uma negociação delicada.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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