Durou mais de três horas a reunião entre entidades empresariais e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior. A proposta apresentada está sendo chamada pelos empresários de "lockdowns planejados" porque consiste em uma semana de atividades todas fechadas a cada 15 dias de abertura. E isso começaria em setembro. Para quem esperava já uma flexibilização imediata das atividades, o encontro foi "muito ruim", como a coluna recebeu relatos de três participantes. Logo após o encerramento, o empresariado deu início à sua própria reunião e segue discutindo os pontos apresentados pelo prefeito, prevendo dar um retorno para prefeitura ainda nesta terça-feira (4).
A coluna teve acesso a um trecho da fala de Marchezan. Ele faz algumas propostas do que deveria ter nessa ideia flexibilização ainda com restrições. Afirma que o critério circulação é o principal para a liberação, considerando o tamanho da empresa, quantos CNPJs têm, funcionários e o que gera de circulação de clientes.
- A progressão do que vai funcionar é semanal. A cada semana, funcionam mais atividades de forma gradual - diz ele.
Ainda pede aos empresários propostas de restrições fortes de horários. Inclusive, exemplificando que uma atividade funcione em um turno e outra no horário oposto.
- Mas tem que ser impactante. Uma hora mais cedo ou mais tarde não faz sentido.
O prefeito ainda faz um apelo coletivo, que é também um crítica clara à divulgação das cartas e manifestações públicas dos empresários criticando o governo municipal. Novamente, pediu uma campanha em conjunto de conscientização.
- Não precisa gastar tanto dinheiro. Já que a imprensa está dando tanto espaço, que seja de construção. Que tenha um mínimo consenso para dar um norte. Para não virar paulada de tudo que é lado, quem é que lacra, quem tem a melhor frase.
Em um determinado momento, Marchezan pede que os empresários proponham-se a colocar barracas com médicos, ajudando a viabilizar a estrutura. A ideia é atender pessoas com sintomas respiratórios, testar e agilizar o isolamento.
Em um determinado momento, o prefeito brinca que estão dizendo que ele é sócio do Zaffari e provoca um empresário do grupo que está na reunião. Certamente, fazendo referência a crítica do comércio não-essencial de que supermercados seguem abertos e vendem produtos que não são alimentos. Os supermercadistas têm sido chamados de privilegiados, o que é reforçado pelo prefeito na referência.
Ouça o áudio com trecho da reunião:
A reunião de hoje foi proposta pela prefeitura de Porto Alegre na noite de sábado, enquanto ainda acontecia a conferência online entre os empresários que entrou a madrugada de domingo e resultou na carta com termos para a retomada econômica. Sabe-se que esse "quase ultimato" se deve à liberação do futebol em Porto Alegre na sexta-feira (31). Os empresários, no entanto, não ligaram a carta ao esporte porque sabem que são coisas diferentes. As entidades ficaram decepcionadas por isso ter ocorrido sem flexibilização também para o comércio e outras atividades que estão paradas como a construção civil. Leia a coluna onde está a carta na íntegra: Após volta do futebol, empresariado propõe termos para retomar atividades em Porto Alegre
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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