O prefeito Nelson Marchezan concedeu entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta-feira (28) sobre a decisão da comissão processante da Câmara Municipal de dar prosseguimento ao processo de impeachment contra ele. Começou dizendo que gostaria de estar falando sobre o enfrentamento à pandemia e outras ações de governo, mas que precisava esclarecer o que havia sido decidido pelos vereadores. Reclamou de cerceamento de defesa, atacou os vereadores que votaram contra ele e falou sobre ingressar na Justiça contra o processo. Também frisou que o único objetivo dos vereadores é tirar ele da disputa eleitoral e assumir o orçamento do município para fins políticos.
— Aqui em Porto Alegre o impeachment está sendo usado para tirar um governo por não compactuar com a corrupção. Eu não sou corrupto. O único objetivo desse impeachment é tirar essa forma de combate à corrupção do pleito.
Marchezan disse ainda que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos feitos contra ele. Reclamou que sua defesa apresentada à comissão processante sequer foi digitalizada e distribuída aos três membros da comissão.
— O que importa não é o processo e a investigação. É me tirar da eleição — repetia Marchezan durante sua manifestação.
Sobre cerceamento de defesa, disse que seu advogado não pode se manifestar durante a sessão da comissão processante que decidiu pelo prosseguimento do processo.
— Uma prerrogativa constitucional básica. Qualquer criminoso, mesmo que de homicídio, tem direito que seu advogado se manifeste. E neste caso, que sequer teve ilicitude, ele não pode se manifestar — reclamou.
Em relação ao rol de testemunhas que apresentou, disse que vai tentar manter os 29 nomes, mesmo que a comissão tenha entendido que apenas 10 podem ser arrolados.
— Hoje fomos surpreendidos pela notícia de que não teremos dez testemunhas para cada fato da acusação. O relator e o presidente decidiram que vão me cercear as testemunhas.
Em relação à denúncia do uso de verba do Fundo Municipal da Saúde, motivo da abertura do processo de impeachment, disse que não há ilegalidade. Que está previsto em lei.
— Eu não faço parte da história que levou a cidade para as páginas policiais. Eu não faço parte das quadrilhas que passaram pelas gestões de Porto Alegre – esbravejava o tucano.
Sobre a sua conturbada relação com a Câmara ao longo de seu mandato, considera que não houve erro.
— Eu fui o prefeito que mais deixou a Câmara trabalhar. Se isso gerou algum constrangimento ou dificuldade de relação, é porque o hábito era outro. Eram decisões em salas fechadas – disparou Marchezan.