Após a primeira noite de portas abertas em mais de 60 dias, os proprietários da churrascaria Barranco amanheceram impressionados com a repercussão de uma imagem, nas redes sociais, que mostrava as dependências do restaurante, à margem da Avenida Protásio Alves, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre.
Não foram os únicos. A própria fiscalização da prefeitura da Capital esteve na churrascaria pela manhã — a quarta visita desde o início da pandemia, segundo um dos sócios — para verificar se a casa estava operando conforme o decreto municipal que liberou restaurantes a operar somente com 50% da capacidade.
De acordo com o proprietário Elson Furini, a imagem que circulou nas redes sociais passa, à primeira vista, uma impressão equivocada de como estava o restaurante naquele momento.
— Minha filha mesmo me ligou para dizer que estavam nos criticando. A princípio tu vê uma coisa, mas depois muda — avalia Elson.
GaúchaZH não pode publicar a imagem por ser de autoria desconhecida. Ela mostra a área externa da churrascaria. Em primeiro plano, aparecem sete homens em mesas unidas. Há pelo menos quatro cadeiras vazias entre eles. Ao fundo, se enxerga pelo menos mais duas outras mesas com seis pessoas em cada, mas o ângulo não permite dizer se há cadeiras vazias intercaladas nelas. À esquerda da imagem, há três casais em mesas diferentes para quatro pessoas. Entre cada uma delas, há uma mesa vazia. Nenhum dos clientes usa máscara. Só aparece um funcionário na foto, empurrando um carrinho. Ele veste luvas e usa uma máscara de acrílico.
— De primeira, tu não enxergas essas mesas vazias entre os casais. Precisa prestar atenção. Sobre as máscaras, os clientes só podem entrar com elas, mas, ao sentarem à mesa pra comer, eles retiram. Não vão ficar como as mulheres muçulmanas, comendo debaixo da burca — diz Elson.
Conforme o empresário, o decreto permitiria que a casa operasse com metade da capacidade de 700 lugares. Para assegurar o cumprimento da lei, optaram por 300. Na noite de ontem, de acordo com os proprietários, 80% dos assentos na área externa foram ocupados. Já a parte interna, não chegaram a 10%.
— Ontem, teve diversos componentes. É uma casa querida, com mais de 50 anos. A ânsia das pessoas de voltar estava muito grande. E, ao voltar, acho que procuraram um local com área externa porque assim se sentem mais tranquilos. Além disso, estava uma noite quente. Mas todas as normas de segurança foram observadas — declara Ilmar José Tasca, o Chico, também sócio do Barranco.
Porém, os empresários admitem que o decreto municipal ainda tem pontos nebulosos. Embora determine um distanciamento obrigatório de dois metros entre as mesas, não define com clareza um número máximo de assentos que podem ser ocupados em cada mesa. Por conta própria, a casa aconselha a sentar com um assento vazio entre cada cliente. Se chegam 10 pessoas, por exemplo, a orientação é que o garçom monte uma mesa com 20 lugares. Porém, há muitos casos em que a orientação é rapidamente ignorada.
— Olha ali, por exemplo — ressalta Elson apontando para uma mesa para seis pessoas com quatro lugares ocupados. — São, provavelmente, pai, mãe e duas filhas que moram na mesma casa. Não faz sentido para eles sentar em uma mesa de oito lugares com cadeiras vazias entre eles.
As máscaras dos garçons
Na visita que GaúchaZH fez à churrascaria no almoço desta quinta-feira (21), chamou atenção que alguns funcionários trabalhavam apenas com a máscara de acrílico, sem a de tecido no rosto. Conforme os proprietários, também se trata de uma determinação sanitária: por lidarem com comida, a máscara de tecido fica rapidamente suja de gordura e perde a utilidade.
Salientam ainda outros cuidados na reabertura, como a higienização constante dos cardápios e toalhas de mesa, a medição de temperatura de todos os funcionários e a distribuição de lenços umedecidos com álcool junto aos pratos.
Sobre a repercussão da foto, lamentam, mas dão de ombros.
— A verdade é que existe sempre uma parte maldosa dessa coisas — declara Elson.