Os porto-alegrenses têm lamentado o fechamento de marcas queridas em razão da crise do coronavírus. Recentemente, a Lancheria do Parque demitiu todos os funcionários, pouco antes de completar 38 anos, e o Charlie Brownie anunciou que encerrará em definitivo as operações da unidade do bairro Cidade Baixa.
Com 51 anos, a Churrascaria Barranco segue em atividade, mas os proprietários não sabe até quando, nessas condições. Sem poder receber os clientes, o sócio Ilmar Tasca, 59 anos, o Chico, relata que o restaurante não tem atingido nem 10% do faturamento habitual.
—Essa é o pior momento da história da história do Barranco. A gente passou por cinco crises econômicas, várias trocas de moeda e de governo, passamos por inflação de 80% num mês e sempre conseguiu enfrentar porque a casa estava aberta. Assim, com a casa fechada, não conseguimos estudar uma saída.
Nas redes sociais do Barranco, fotos de costelas, coraçõezinhos e picanhas suculentas provocam a fome de qualquer seguidor. A churrascaria da Avenida Protásio Alves opera hoje por delivery e takeawey, no qual o cliente busca a carne no local e leva para comer em casa. Mas esse nunca foi o forte da marca, ressalta Chico. Ele relata que mais de 30 pessoas ligam todos os dias para saber se a churrascaria abriu, e quem vai buscar a encomenda, não poupa em saudosismo. Especialmente do "choppinho" embaixo das árvores.
— O Barranco se fortaleceu pela característica das mesas debaixo das árvores, as confraternizações aos domingos, pós-futebol, formaturas, reunião e famílias, aniversários — lembra Chico, ressaltando que o restaurante tem mais de 630 lugares.
Os empresários optaram por não se cadastrar em nenhum aplicativo de entrega de comida, em razão dos descontos no valor do pedido. Para Chico, resta torcer por uma liberação parcial do atendimento presencial — em Porto Alegre, por determinação do prefeito Nelson Marchezan, restaurantes operam apenas por delivery para colaborar com o distanciamento social.
— Se deixassem a gente trabalhar com 30% da capacidade, já estaria feliz. Permitira pagar os impostos e manter o negócio funcionando. A gente não tem interesse de faturar esse ano, sabe que o ano já acabou — afirma Chico.