Enquanto o porto-alegrense se manteve em casa por conta do distanciamento social, as obras públicas andaram.
Consideradas essenciais desde os primeiros decretos municipais, nenhuma das obras tocadas pelo poder municipal que já estavam em curso foram paralisadas em Porto Alegre durante a epidemia da covid-19. Algumas, inclusive, tiveram melhor andamento desde meados de março, graças ao alívio no tráfego da cidade.
— Teve impacto, sem dúvida, nas obras de pavimentação estrutural. Na Nilo Peçanha, por exemplo, conseguimos praticamente concluir a obra. Na Ipiranga, com o fluxo menor, também é possível manter o trânsito em meia pista — exemplifica o secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Marcelo Gazen.
Na Avenida Ipiranga, conforme a EPTC, o trânsito caiu 35% no mês de abril. Em média, a circulação caiu 38% nas vias da Capital desde 18 de março. Atualmente, as equipes trabalham no trecho de 780 metros das 7h às 19h. Porto Alegre realiza ainda obras de pavimentação em grandes vias como a Protásio Alves, a Bento Gonçalves e a Antonio de Carvalho. O menor fluxo também permitiu maior tranquilidade nos desvios necessários para concluir mais uma das obras atrasadas da Copa de 2014, a trincheira da Avenida Cristóvão Colombo.
Como podem haver problemas de arrecadação e mais gastos no horizonte com a pandemia, foram privilegiadas obras cujo investimento já está “carimbado”. Ou seja, que já tinham destino certo graças a programas de financiamento de órgãos como o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) ou mesmo do governo federal, como as obras pluviais do Avançar Cidades, programa do Ministério de Desenvolvimento Regional, executadas pela Secretaria de Serviços Urbanos.
A covid-19, todavia, relegou às gavetas alguns projetos que a prefeitura pretendia ao menos licitar até o final da gestão Nelson Marchezan, como a concessão do Mercado Público, da Cinemateca Capitólio e o trecho com roda gigante na Orla. Segundo a prefeitura, seria complicado atrair investidores e realizar estudos de visibilidade em um momento de recessão global.
EM OBRAS
Como ficaram algumas das principais obras da cidade ao longo da pandemia
Trincheira da Cristóvão Colombo
Após a entrega da trincheira da Ceará, em 4 de março, a trincheira da Cristóvão, junto à Terceira Perimetral, é a próxima obra da Copa de 2014 a ser finalizada. O trecho terá o trânsito interrompido pelos próximos 90 dias para os reparos no interior da passagem, como a recuperação das placas de concreto e a instalação de barreiras de proteção. Além do acabamento no interior, restam obras no entorno, como a pavimentação da alça de acesso no sentido sul-bairro, alargamento de ruas, calçadas, drenagem e sinalização. A estimativa para conclusão é novembro, ao custo de R$ 2,48 milhões.
Orla do Guaíba
A entrega do trecho 3 da revitalização da Orla, que vai do Arroio Dilúvio ao Parque Gigante, continua sendo a grande vitrine da atual gestão. Por ser realizada em área ampla e arejada, foi pouco afetada pelas limitações impostas aos trabalhadores com a pandemia. O local será dedicado à prática de esportes. Atualmente, a terraplanagem está em fase de conclusão e a pista de skate começa a tomar forma. Diferentemente do trecho 1, que foi criticado por ser pouco arborizado, o trecho 3 deverá contar com mais de 500 árvores, Já o trecho 2, que deverá ter uma roda gigante e depende de edital, não deverá avançar enquanto durar a pandemia.
Pavimentações estruturais
Está em curso o plano de “requalificação asfáltica estrutural”, que deve não só reformar, mas melhorar a qualidade do asfalto nas principais vias da cidade diminuindo reparos futuros. Com recursos da CAF, o mesmo banco que financiou a Orla, a prefeitura já iniciou obras em dois lotes. O último trecho iniciado, nessa semana, foi na Avenida Ipiranga, próximo à PUCRS, com cerca de 780 metros de extensão. Na Nilo Peçanha, próximo à Unisinos, o trecho de 680 metros foi concluído, restando apenas a sinalização. O investimento nos dois lotes é de aproximadamente R$ 24 milhões.
Revitalização da Redenção
Obra bancada por contrapartida com investimento de R$ 3,8 milhões, a revitalização da Redenção deveria ser reinaugurada no aniversário de Porto Alegre, em 26 de março. Todavia, a comemoração foi adiada em razão do avanço da covid-19. Ainda assim, com equipes reduzidas, o trabalho está perto da conclusão em espaços como o Chafariz Imperial, os playgrounds infantis e o cachorródromo. Já foram concluídos a recolocação do saibro, as salas administrativas, o conserto dos bancos e a reforma do Recanto Europeu.
Casas de Bombas do Dmae
Contra um dos problemas crônicos de Porto Alegre, o Dmae está reformando suas Casas de Bombas, estruturas de pelo menos 50 anos. A reforma em um dos pontos mais propensos a alagamentos, próximo à freeway, já foi concluída e há outras em andamento em quatro pontos. Com R$ 17 milhões em recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, executados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, o Dmae também instala a adutora de uma estação de bombeamento de água tratada na Zona Norte que deve melhorar o abastecimento para cerca de 124 mil pessoas. A previsão de conclusão é em dezembro. No caso do Dmae, as obras tiveram bom andamento nos últimos meses, mas não em razão da pandemia, e sim do tempo seco desde fevereiro.