Com liberação de parte do comércio de Porto Alegre, houve também intensificação no trabalho das equipes de fiscalização nas ruas. Para manter o controle das atividades que podem abrir suas portas, a prefeitura destacou mais de cem profissionais de diversos órgãos e secretarias, fiscais que percorrem as lojas a fim de constatar se estão sendo cumpridas as normas do último decreto: podem funcionar, na rua, empresas com faturamento de até R$ 360 mil anuais. É necessário, ainda, dispor de álcool gel para os clientes e limitar o acesso a 50% da capacidade prevista no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), além de haver distanciamento mínimo de dois metros entre os frequentadores do espaço.
De 31 de março a 5 de maio, as fiscalizações notificaram 245 estabelecimentos: 137 foram interditados e 108, autuados — espécie de advertência por alguma irregularidade, não obrigatoriamente gerando multa em uma primeira análise. As abordagens atingiram 6.195 estabelecimentos comerciais, industriais ou de serviço. Houve, ainda, 18 obras embargadas, em 159 conferidas pelos agentes. Os números desta quarta-feira (6) ainda não foram informados.
Nesta terça-feira (5), primeiro dia de liberação parcial dos pontos de venda de rua, 12 empresas dos ramos de vestuário, móveis e bazar tiveram de baixar as cortinas por falta de documentos que comprovassem seus rendimentos. Outras duas lancherias atendiam clientes no interior do estabelecimento, o que também é proibido.
Nesta quarta, as calçadas do Centro Histórico voltaram a ter o “formigueiro” comum em épocas anteriores à pandemia de coronavírus. Movimento semelhante foi visto no extremo-sul: o bairro Restinga tinha mais pedestres do que percebido pela reportagem de GaúchaZH há uma semana. A circulação, porém, não se reflete nas vendas, segundo Cassiano Mendonça, 32 anos, atendente de uma loja de móveis que não tinha qualquer cliente às 9h30min.
— A gente segue vendendo mais online do que presencial — diz Mendonça sobre a falta de compradores dentro dos estabelecimentos.
O baixo movimento no comércio contrasta com as longas filas na lotérica em frente à única agência da Caixa no bairro. Desde o anúncio do pagamento do auxílio emergencial, milhares buscaram o saque na unidade.
Fitas zebradas em preto e amarelo evitavam a entrada descontrolada de clientes na loja de vestuário Estilo Básico. No máximo quatro pessoas por vez podiam acessar o local, limitação aprovada pelo PPCI. Desde terça-feira, a procura foi concentrada nas roupas expostas nas araras e prateleiras.
— A volta foi boa para essas peças, calçados principalmente, e também para alguns casacos — explica Muriel da Silva Prestes, 36 anos, através da janela no balcão da loja.
Roupas quentes para a filha de 14 anos foi o que tirou de casa Renato Silva dos Santos, 50 anos. Com o filho de dois anos no colo, o porteiro buscava uma calçada para a adolescente.
Assim como na Restinga, a maioria das lojas dos bairros Ipanema, Campo Novo, Hípica e Camaquã estavam de portas abertas. O retorno das atividades de pequenos e médios estabelecimentos comerciais levou as ruas 147 mil trabalhadores, segundo estimativa da prefeitura. Mesmo com o movimento maior, visível próximo aos locais visitados, não foram registradas aglomerações.
Bares e restaurantes continuam podendo operar apenas no sistema de pegue e leve e telentrega. Não podem servir refeições em seu espaço. Continuam proibidos de atender clientes, mesmo que sejam microempresas, casas noturnas, pubs, boates, teatros, museus, centros culturais, bibliotecas e atividades presenciais de ensino, incluindo cursos de idiomas, esportes, culinária e similares.