Das aulas virtuais para os encontros presenciais. Ainda que distante do cenário visto antes da pandemia de coronavírus, quando não havia limitação no número de frequentadores, parte dos centros de treinamento de Porto Alegre reabriu, na manhã desta terça-feira (5). Seguindo a normativa do último decreto municipal, os espaços podem receber um aluno por vez, acompanhado de um instrutor.
Com álcool gel disponível ao lado da porta de entrada e sobre o balcão de atendimento, a Integra Pró-Saúde incluiu em seus cuidados equipamentos não exigidos pelo município, como obrigatoriedade de uso de máscara tanto por parte do instrutor quanto do aluno e a entrega de sapatilhas descartáveis, vestidas antes de acessar o tatame onde os treinos são realizados.
— Muita gente circula no prédio, passa no hospital aqui perto, pega elevador e chega aqui. Por isso, não deixo pisar com o calçado dentro do espaço — explica Henrique Coromberk, 38 anos, um dos dois educadores físicos que atendem no local, uma ampla sala repleta de janelas em um prédio comercial no bairro Menino Deus.
Desde o dia 18 de março, quando foi decretada a suspensão da atividade, os estúdios e academias ficaram fechados. No período, aulas online foram a solução para pagar as contas essenciais, de acordo com Coromberk. O aluguel foi negociado: 30% referente a março e 50%, ainda a serem negociados, sobre o valor cheio no mês de abril.
O produtor de eventos Fábio Padilha, 44 anos, trocou de roupa em um vestiário fora da área de exercícios. Não estão disponíveis para ele as esteiras e a bicicleta ergométrica, interditadas pelos gestores para evitar o suor excessivo sobre os aparelhos. Com pai e mãe idosos e a filha diagnosticada com bronquite, Padilha diz estar sem treinos aeróbicos há quase um mês
— A gente fica preocupado, posso pegar e levar pra casa, por isso deixei de correr na rua — explica, enquanto aguarda que Coromberk higienize o próximo equipamento do treino funcional.
A procura dos alunos do Aquila Estúdio praticamente lotou a agenda para a semana. Com a restrição nos atendimentos, menos da metade poderá treinar no estúdio do bairro Petrópolis, conforme estimativa do proprietário, Taillan Moojen, 28 anos. O educador físico ministrou as atividades nesta manhã com o rosto coberto por uma máscara de proteção. O aluno não teve a mesma exigência, o que está em conformidade com o documento municipal, que excluiu essa medida.
— Uma aluna vomitou usando máscara, pelo calor, então achamos melhor não exigir — justifica Moojen, que cumpriu o restante das obrigações, como ter álcool gel em local visível na porta de entrada da academia.
Não há exceção na quantidade de alunos atendidos, independentemente da área do centro de treinamentos, medida que desagrada Henrique Petersen, um dos sócios da Rede Moinhos. O empresário manteve fechadas as 11 unidades da Capital.
— Esse decreto não contempla as academias, que estão agonizando. É inviável abrir uma grande estrutura para um só aluno — avalia.
Petersen cita o modelo de Canoas, na Região Metropolitana, onde a academia da rede abrirá nesta quarta-feira (6), atendendo 30% da capacidade definida no Plano de Prevenção Contra Incêndio da edificação.
— Estamos lutando para mudar o decreto aqui — complementa.
Entre 9h e meio-dia, a reportagem de GaúchaZH encontrou ao menos outras cinco academias sem atendimento ao público. Na Rua Silva Só, bairro Santa Cecília, duas grandes estruturas mantinham as portas acorrentadas.
— Antes da pandemia nossas aulas reuniam 35 alunos por vez, cerca de 300 por dia. No total são 500 alunos. Estamos procurando uma forma de atender a demanda, mas assim não tem como — afirma Diego Felipe Gevaerd, sócio da da Crossfit Taura, onde apenas treinos via internet estão mantidos.
Uma reunião na manhã desta terça-feira (5) entre a direção e os funcionários da Academia Alternativa, no bairro Santana, tranquilizou os profissionais: não há perspectiva de demissões. Porém, o proprietário Ricardo Paranhos alega dificuldades em pagar os R$ 20 mil mensais do aluguel do prédio, de 1,1 mil metros quadrados.
— Meu aluno paga R$ 100 por mês. Em quatro dias a mensalidade dele foi só na luz — compara, em outra crítica à limitação no atendimento.