Uma hora antes da abertura aos consumidores, nesta quarta-feira (6), o Mercado Público de Porto Alegre já estava com movimentação acentuada de trabalhadores abastecendo as bancas do prédio histórico da Capital. Dos caminhões frigoríficos, carnes e pescados eram levados para o interior do edifício a partir da Avenida Borges de Medeiros, às 6h30min. De outros, frutas e verduras tinham as lancherias e pontos de venda como destino. Mas um cuidado foi dispensado por parte dos entregadores: a máscara de proteção facial. Apesar de não ser exigida pelos últimos decretos estadual e municipal, o item passou a ser encarado como uma das principais formas de evitar a propagação do coronavírus – no transporte público, o uso é obrigatório em todo o Rio Grande do Sul.
Da rua, a reportagem de GaúchaZH pôde ver inúmeros trabalhadores empurrando os carrinhos ou manuseando os alimentos com nariz e boca descobertos. Em uma loja com a cortina semi-cerrada, um trio permanecia em pé ao lado de caixas de pescado. Nenhum deles utilizava o acessório.
Os quatro seguranças que controlam o acesso — restrito a abastecedores até as 7h30min — utilizavam as máscaras, contrastando com os fornecedores.
— Isso aqui vira um fervo daqui a pouco — comentou um dos seguranças, que pediu para não ser identificado.
Após ouvir o relato na Rádio Gaúcha, o expositor Daniel Souza, 45 anos — o Daniel do Bacalhau — foi à rua para confirmar o que foi percebido: há colegas que não têm demonstrado preocupação com o item de segurança. De máscara, ele relembrou quando começou a trabalhar no Mercado Público.
— Isso aqui é minha vida. Eu era morador de rua e, aos nove anos, comecei a trabalhar aqui. E as pessoas esperam de nós um alimento saudável, por isso tem que usar a máscara — reforçou o profissional consciente.
A Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc) afirma que não é de responsabilidade dos lojistas o controle de acesso ao prédio, mas reforça que os trabalhadores das lojas usam as devidas proteções. Nos próximos dias, uma carga de máscaras adquirida pelos empresários será distribuída aos clientes e profissionais que acessem o local sem o acessório sobre o rosto.