Uma área de aproximadamente 21 mil metros quadrados localizada ao lado do DC Shopping, onde funcionava a Central de Tratamento de Efluentes Líquidos (Cettraliq) e a antiga fábrica de tecidos Rio Guahyba, na zona norte de Porto Alegre, irá a leilão nesta quarta-feira (12).
A propriedade faz parte de uma massa falida e envolve diferentes empresas localizadas no mesmo terreno onde a Cettraliq tratou resíduos químicos até 2016, quando teve suas atividades suspensas após ser vinculada a alterações no gosto da água na Capital.
A central de tratamento sempre negou relação com a mudança na qualidade da água, mas acabou autuada pela Fepam e foi impedida de seguir atuando pela emissão excessiva de odores. Em setembro deste ano, em razão da longa inatividade, foi decretada a falência.
— A situação financeira se tornou insustentável devido à longa paralisação. Segue correndo uma ação civil pública (envolvendo a questão ambiental), mas, a princípio, a decretação da falência encerra a intenção que a empresa tinha de voltar a operar naquele ou em outro local — sustenta o advogado da Cettraliq, Eduardo Pires.
O leilão do terreno não se deve apenas à falência da central de tratamento de resíduos, mas de diferentes empresas que existiam no local sob responsabilidade dos mesmos sócios, o casal Wolf e Betty Gruenberg. O terreno e os prédios existentes na área foram reunidos para leilão como parte da massa falida de uma dessas companhias, chamada Villa D'Este Comércio, Representações, Importação e Exportação.
— Há umas cinco ou seis empresas registradas naquele endereço, mas a única que ainda tinha atividade recentemente era a Cettraliq. Das demais, há umas duas décadas já não operavam — afirma o administrador da massa falida, Montalbani Costa da Motta.
O leilão inclui o terreno com cerca de 21 mil metros quadrados mais o conjunto industrial que inclui pavilhões da antiga fábrica têxtil Rio Guahyba, que chegou a ser uma das mais importantes do Estado e fez parte do ciclo industrial que marcou a zona norte da Capital. Em razão de sua importância histórica, algumas das edificações são inventariadas pelo município e não poderão ser demolidas — atualmente em mau estado de conservação, terão de ser recuperadas e preservadas pelo eventual comprador. Uma caixa d'água e uma chaminé também terão de ser mantidos, conforme o edital do leilão.
Outra parte do conjunto industrial pode ser demolida e dar lugar a novas construções, mas, em razão da proximidade com o Aeroporto Internacional Salgado Filho, não podem ultrapassar 12,5 metros de altura. O leilão será realizado às 15h30min de quarta-feira no átrio do Foro Central de Porto Alegre, na Rua Manoelito de Ornelas, 50, bairro Praia de Belas.
Em área estratégica, terreno é avaliado em R$ 16,9 milhões
Localizada ao lado de um shopping, próximo ao aeroporto, à Arena do Grêmio e às duas pontes do Guaíba — a existente e a em construção — a área da antiga Cettraliq a ser leiloada é avaliada hoje em cerca de R$ 16,9 milhões. O leiloeiro nomeado pela Justiça para vender área, Giancarlo Peterlongo, afirma que a negociação poderá ser formalizada na própria quarta-feira se algum comprador oferecer esse valor à vista.
— Em caso de outro valor ou proposta de pagamento parcelado, isso terá de ser analisado pela Justiça e pelos administradores da massa falida. Com o recesso judicial, pode ser que uma decisão só saia em janeiro — informa Peterlongo.
O recurso deverá ser empregado, em sua maior parte, para a quitação de dívidas trabalhistas. O leiloeiro afirma que a propriedade será vendida a um único comprador, não sendo possível a negociação fatiada. O vencedor do leilão, segundo a Fepam, terá de cumprir algumas pendências deixadas pela Cettraliq. O órgão informa que todo o resíduo que havia no local já foi removido, mas a empresa não realizou a investigação ambiental prevista no termo de encerramento das atividades para garantir que não restou nenhuma contaminação no solo ou na água. Assim, conforme nota da Fepam, "quem comprar a área terá de realizar essa investigação". Em caso de ser encontrado algum problema, o novo dono também seria o responsável pela eventual correção.
Administrador da massa falida, Montalbani Costa da Motta afirma que, segundo análise de um engenheiro químico, não há mais contaminação no local.