Espalhado por quase duas dezenas de Estados brasileiros, o Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que liderou a Ocupação Lanceiros Negros, entrou em estado de hibernação no Rio Grande do Sul desde a reintegração de posse do edifício na Rua dos Andradas, em agosto passado. Em processo de fundação de um partido político, a Unidade Popular, o grupo não realizou novas ocupações em Porto Alegre no último ano.
— O movimento não parou: estamos com duas ocupações ativas e tentando criar a Unidade Popular. A Lanceiros mostrou sua importância: a maioria das famílias voltaram a fazer parte do déficit habitacional, a morar em áreas de risco, coisa que não acontecia no Centro — diz Nana Sanches, uma das coordenadoras do movimento no Estado.
A preparação para a Ocupação Lanceiros Negros começou em 2015, quando o MLB começou a fazer reuniões preparatórias em bairros conhecidos por problemas de moradia, como o Morro da Cruz e a Lomba do Pinheiro. Atualmente, o grupo lidera, no Estado, uma ocupação em Passo Fundo, e a ocupação Recanto da Alegria, no bairro Humaitá, na Capital. As postagens recentes da página do movimento no Facebook são de apoio a outras ocupações, como a Mulheres Mirabal ou à atuação do movimento em outros Estados.
Enquanto isso, colhem assinaturas para a criação da Unidade Popular. A ideia é que, com representatividade no parlamento, consigam suporte institucional à luta por moradia por meio de ocupações. Ex-moradora e uma das coordenadoras da Lanceiros Negros, Natanielle Almada garante que devem haver novas ocupações organizadas pelo movimento em Porto Alegre no futuro:
— Estamos mais resguardados, mas a ideia é retomar. A Lanceiros vai voltar. O que não falta é casa sem gente, e gente sem casa.