Um dos componentes que mais pesam, cerca de 20% do valor da passagem de ônibus de Porto Alegre, o diesel deve ficar mais barato pelos próximos meses. Mas isso não significa que a tarifa vai cair.
Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o contrato com as empresas de ônibus prevê que o reajuste da passagem seja feito uma vez por ano. Normalmente, isso ocorre após a definição do reajuste salarial dos rodoviários — o próximo deve ser no início de 2019. Então, será considerado o valor mais recente do diesel cotado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Ou seja, o fato de o valor do combustível ter caído R$ 0,46 por conta da greve dos caminhoneiros não é suficiente para garantir que haverá redução do valor da tarifa, a menos que o preço siga baixo na semana em que os técnicos da EPTC começam a fazer as contas.
— Essa variação do combustível é comum. Ocorre todos os anos, para cima ou para baixo. Nossa expectativa é que, com esse recuo, a gente chegue em 2019 com um aumento mínimo para ser repassado ao usuário — disse o diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti.
Conforme a EPTC, o valor do diesel na época do último cálculo era de R$ 3. Com a nova cotação, que até quarta-feira não havia sido divulgada pela ANP, a expectativa é que fique em torno de R$ 2,80. Proporcionalmente, os atuais R$ 0,86 que o combustível representa na tarifa cairiam para R$ 0,80. A possível diminuição de R$ 0,06 caso esse fosse o valor vigente no começo do ano que vem, contudo, também é sonho distante: o governo federal já sinalizou que, após os primeiros 60 dias do corte no valor, haverá reajustes mensais até dezembro.
A única forma de haver alguma modificação no preço da passagem de ônibus ainda neste ano, segundo a prefeitura, seria a aprovação dos projetos que retiram isenções em tramitação na Câmara Municipal. Eles prevêm o fim da obrigatoriedade de cobradores e da isenção para idosos entre 60 e 64 anos, e a limitação do desconto de 50% na passagem a estudantes com renda familiar de até três salários mínimos, o que poderia acarretar uma diminuição de R$ 0,30. Como afetam a demanda, aumentando o número de passageiros pagantes, as empresas de ônibus concordaram em permitir a redução imediata da tarifa — em março, a aprovação do fim da segunda passagem gratuita pelo Conselho Municipal de Transportes Urbanos (COMTU) evitou que a tarifa fosse a R$ 4,50, que era a previsão inicial da EPTC.