Jair Bolsonaro realizou uma transferência de R$ 800 mil antes de viajar aos Estados Unidos no final do seu mandato, segundo a Polícia Federal (PF). As informações constam de um documento da investigação da PF obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, na quarta-feira (14).
No documento, a PF diz que "alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos".
Acerca do ex-presidente, a PF diz que foi feita uma operação de câmbio no dia 27 de dezembro no valor de R$ 800.000,03 para um banco com sede nos EUA.
Após a transferência do dinheiro, conforme quebra de sigilo bancário realizada pela PF, Bolsonaro ficou com um saldo negativo de R$ 111 mil em sua poupança no Brasil. Esse valor, segundo a investigação, foi coberto posteriormente por recursos retirados por Bolsonaro de um fundo de investimentos. O ex-presidente permaneceu nos Estados Unidos até o final de março de 2023.
Operação Tempus Veritatis
A ofensiva da PF aponta a existência de uma organização criminosa gestada no núcleo do governo Bolsonaro para tentar um golpe de Estado, com “abolição violenta do Estado democrático de direito". Entre os alvos, estão 16 militares, incluindo um almirante e quatro generais de quatro estrelas, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, integrantes do chamado “gabinete do ódio” e até um padre. Bolsonaro teve o passaporte apreendido e está proibido de deixar o país, bem como de manter contato com os demais investigados.
Com 135 páginas, a decisão do ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes traz detalhes de como o grupo teria espionado autoridades, mobilizado tropas de elite e tentado cooptar a cúpula das Forças Armadas, ao mesmo tempo em que espalharia desinformação e organizaria protestos de rua.
Passaporte de Bolsonaro está retido
Na quinta-feira passada, a PF cumpriu mais de 30 mandados de busca e apreensão, tendo como alvos aliados próximos de Bolsonaro. O ex-presidente não foi alvo de mandado de prisão, mas teve que entregar seu passaporte às autoridades.